A indústria brasileira de autopeças deverá faturar R$ 67,9 bilhões neste ano, o que representa queda real de 16,6% em relação aos R$ 76,7 bilhões estimados em 2014. A previsão é do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), divulgada nesta segunda-feira (6). De acordo com o presidente do sindicato, Paulo Butori, será o menor faturamento pelo menos dos últimos 10 anos. Se levado em conta o faturamento em dólar, projetado em US$ 21,8 bilhões, o recuo será ainda maior, de 33,2%.
Butori avaliou que esse desempenho ruim será resultado de um conjunto de fatores, entre eles os incentivos fiscais concedidos até o ano passado pelo governo federal, que geraram uma antecipação de compra. Soma-se a isso, acrescentou, a baixa confiança dos consumidores, em razão da crise econômica e política pela qual o País passa. “O consumidor não está contente com o que acontece e põe o pé no freio”, disse após participar do VI Fórum da Indústria Automobilística, na capital paulista.
Apesar da perspectiva ruim, ele afirmou que o setor vê como alento uma procura maior do consumidor pelo conserto do carro usado, diante da dificuldade de comprar veículos novos, e um aumento das exportações, devido à valorização do dólar. Para o fim deste ano, o Sindipeças prevê um dólar entre R$ 3,4 e R$ 3,5. “Teremos um ano muito difícil, um 2016 ainda difícil e um 2017 melhorzinho para o setor de autopeças”, afirmou. Toda essa crise deverá provocar uma queda de quase 40% nos investimentos totais em 2015 (US$830 milhões) ante 2014 (US$ 1,380 bilhões).
A crise afetará de forma ainda mais intensa o número de postos de trabalho do setor. Segundo Butori, de novembro de 2013 até fevereiro deste ano, já foram eliminados mais de 45 mil vagas no segmento de autopeças nacional. E a perspectiva é de piora. “Podemos ter até 50 mil trabalhadores dispensados até o fim de 2015 ou até mais, dependendo da situação”, disse. O Sindipeças prevê encerrar o ano com 177,2 mil trabalhadores, queda de 9% ante os 194,7 mil estimados em 2014, passando para 182,8 mil em 2016.
Fonte: Estadão – Economia