E-commerces investem em segurança digital para enfrentar o aumento de ataques virtuais e ações judiciais por falhas na proteção de dados
O ambiente digital nunca esteve tão aquecido quanto agora, e o comércio eletrônico brasileiro é um dos grandes destaques desse movimento. De pequenos vendedores a grandes varejistas, a digitalização tem oferecido novas oportunidades de crescimento. Porém, junto com essa expansão, vêm também riscos reais, especialmente no campo da segurança digital. Diante desse cenário, cresce o número de empresas que investem em seguros contra riscos jurídicos e cibernéticos.
Segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a contratação de seguros voltados para riscos cibernéticos cresceu 880% nos últimos cinco anos no Brasil. Só em 2023, os valores pagos em apólices chegaram a R$ 203,3 milhões – um salto significativo em relação aos R$ 20,7 milhões registrados em 2019. Esse aumento reflete uma realidade inegável: as ameaças digitais estão mais frequentes, mais sofisticadas e mais caras para os negócios.
Ciberataques em alta
O comércio eletrônico no Brasil movimentou mais de R$ 185 bilhões em 2023, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). No entanto, comitantemente, cresceram também os riscos digitais.
De acordo com a BigDataCorp, o e-commerce brasileiro sofreu um aumento de 106% nas tentativas de ataques cibernéticos em 2023. Entre os principais alvos estão lojas virtuais que trabalham com dados sensíveis de clientes, como informações pessoais e dados de pagamento. Mesmo com a adoção de certificados SSL e firewalls, os criminosos digitais encontram brechas em sistemas desatualizados ou mal configurados.
Um levantamento da ManageEngine reforça essa preocupação: 63% das empresas brasileiras que sofreram incidentes cibernéticos no último ano precisaram acionar seus seguros para reduzir o impacto financeiro. Esses seguros oferecem coberturas que vão desde o ressarcimento por perda de dados até apoio jurídico em caso de vazamento de informações confidenciais.
PMEs estão entre as mais vulneráveis
As pequenas e médias empresas (PMEs) têm enfrentado um cenário ainda mais desafiador. Muitas vezes, por falta de estrutura ou de investimento em tecnologia, essas companhias tornam-se alvos fáceis para ataques. Isso vale inclusive para setores em expansão, como o de revenda de itens esportivos pela internet.
Muitas lojas virtuais que atuam como fornecedores de artigos esportivos para revenda dependem exclusivamente de canais digitais para vender seus produtos, e um único incidente de segurança pode comprometer toda a operação.
Além disso, o impacto jurídico de um vazamento de dados pode ser devastador. Com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as companhias estão sujeitas a multas e processos judiciais caso não protejam adequadamente os dados de seus usuários.
O papel da informação e da prevenção na segurança digital dos e-commerces
Para reduzir riscos cibernéticos e prejuízos, especialistas destacam a necessidade de lojistas adotarem boas práticas de segurança digital, como autenticação em dois fatores, backups automáticos e monitoramento em tempo real. A atualização constante dos sistemas é considerada essencial para evitar vulnerabilidades.
Além da proteção digital, outro fator é a experiência do consumidor. Manter um bom posicionamento na internet, com sites bem estruturados e a otimização de conteúdo, ajuda a atrair visitantes de forma orgânica e segura. Plataformas com navegação intuitiva e informações claras transmitem maior confiança, influenciando diretamente na fidelização do cliente.
Um artigo publicado pela WCS Conectologia enfatiza que a segurança digital no varejo online vai além da proteção dos dados do cliente; ela está intrinsecamente ligada à reputação da empresa, à confiança do cliente.
A tendência é que o mercado cresça ainda mais
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) demonstram que a arrecadação com seguros cibernéticos vem crescendo de forma consistente. Esse movimento é acompanhado por uma intensificação das exigências regulatórias, que pressionam as empresas a manterem altos padrões de segurança digital e a investirem em tecnologias de proteção.
Em 27 de julho de 2021, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) publicou a Circular nº 637, promovendo mudanças significativas nos seguros do grupo de responsabilidades no país.
“Com a medida, estamos simplificando as regras específicas do segmento, dando continuidade ao processo de redução das amarras regulatórias, possibilitando a diversificação dos produtos, com o objetivo de expandir a utilização destes seguros para proteção do patrimônio dos cidadãos e das empresas”, afirma a superintendente da Susep, Solange Vieira.
A evolução dos seguros representa uma oportunidade de garantir não só a proteção de bens físicos, mas também de seus ativos intangíveis. Em um ambiente onde os dados pessoais têm cada vez mais valor, a oferta de coberturas que englobem tanto o mundo físico quanto o digital é um diferencial competitivo.
Ademais, especialistas afirmam que a integração dessas soluções representa um marco importante para a fidelização de clientes, que se sentirão mais seguros em confiar suas informações e investimentos a empresas que demonstram capacidade de inovar e se adaptar aos novos desafios.
Fonte: LegisCor