Sequência de perdas causadas por estiagens e enchentes afasta companhias do setor, resultando em baixa cobertura às lavouras
Um complexo cenário financeiro afeta os produtores rurais do Rio Grande do Sul. Com as finanças combalidas após dois anos de estiagem e as chuvas e enchentes de abril e maio deste ano, os agricultores enfrentam dificuldades na contratação de seguro para suas lavouras.
A sequência de perdas, que leva muitos à inadimplência e até mesmo a pedir recuperação judicial, também fecha portas de seguradoras. A situação foi apresentada nesta segunda-feira, 16, em evento da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Os impactos climáticos sobre as lavouras, da mesma forma, levaram a maior parte das companhias habilitadas a operar com seguro e resseguro rural a, informalmente, se retirarem do Estado.
“De 16 empresas que atuam no setor, apenas duas ou três ainda se fazem presente no Rio Grande do Sul. E, mesmo assim, com percentual muito reduzido de cobertura. Desde 2021, dobrou o custo do seguro e a cobertura caiu pela metade, tornando o serviço inviável para o agricultor gaúcho”, diz Elmar Konrad, vice-presidente da Farsul.
As perdas desde 2022 também motivaram a entidade a não divulgar, neste ano, previsões para a colheita no ciclo 2024/2025. De acordo com o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, as estimativas da entidade são, tradicionalmente, baseadas nas estatísticas das safras anteriores. Com as quedas de produção causadas pelos fenômenos ambientais, os dados poderiam resultar em distorções.
“Faz três anos que não temos uma safra direito. É nosso entendimento que, tecnicamente, traríamos dados prejudicados”, disse Antônio da Luz.
Para o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, há no horizonte, porém, boas perspectivas para os próximos anos em relação à irrigação. Em 2024, o governo do Estado liberou a exigência de licenciamento para a implantação de pivôs centrais. Também houve a ampliação para prefeituras atuarem no licenciamento ambiental em obras de barragens de até 25 hectares. Gedeão avalia que a ampliação de órgãos para licenciamento aceleram o andamento de projetos e estimulam a adoção da tecnologia pelo produtor.
“A irrigação é a principal ferramenta com a qual o produtor pode contar para mitigar danos da falta de água. E, neste sentido, o avançamos bastante no Estado, em 2024”, comemora o presidente da Farsul, Gedeão Pereira.
A entidade avalia que, apesar dos revezes passados, a safra de grãos será maior em 2025, especialmente porque os rendimentos de 2024 ainda ficaram abaixo dos patamares observados em outros períodos, apesar de terem superado o cenário crítico de 2023.
Fonte: Correio do Povo – Online