O setor de seguros brasileiro apresentou um desempenho expressivo nos sete primeiros meses 2024. De acordo com dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), o crescimento acumulado até julho foi de 15,1% em nível nacional (exceto DPVAT e Seguro Saúde). Nas regiões Norte e Nordeste – exceto Bahia, Sergipe e Tocantins – representadas pelo Sindicato das Seguradoras do Norte e Nordeste (Sindsegnne), o aumento também foi significativo, atingindo 14,9% no mesmo período.
Os pagamentos de indenizações, benefícios, resgates e sorteios no setor de seguros em todo o país ultrapassaram a marca de R$ 140 bilhões, avançando 6% em relação ao mesmo período de 2024. Já na região sindical do Sindsegnne, os pagamentos chegaram a R$ 5,7 bilhões, com crescimento de 24%, muito acima da média nacional.
Destaques regionais
Na área de atuação do Sindsegnne, alguns estados se destacaram pelo desempenho positivo. O Pará (PA) liderou o crescimento, com uma alta de 21,1%, seguido pelo Ceará (CE) com 19,6%, Amazonas (AM) com 17,2% e Maranhão (MA) com 17%. Esses resultados refletem o fortalecimento econômico da região e o aumento da demanda por seguros em diversos segmentos.
Entre os tipos de seguros, vários ramos se destacaram pelo crescimento expressivo em arrecadação até julho de 2024, comparado ao mesmo período de 2023. O Seguro Rural foi o que mais cresceu, com um aumento impressionante de 48,2%. Outros seguros que tiveram elevação significativa foram: Seguro de Garantia (33,4%); Seguro de Responsabilidade Civil (36,6%); Seguro de Condomínio (23,8%); Seguro Residencial (23,6%); Seguro de Transporte (35,2%) e Seguro de Vida (18,1%).
Seguro Rural
Ronaldo Dalcin, presidente do Sindsegnne, destacou que o Seguro Rural ganhou relevância devido às crescentes preocupações dos agricultores com a perda de safras, impulsionada pelas mudanças climáticas. “A cada ano, testemunhamos um clima mais extremo e imprevisível: enquanto uma região do país enfrenta alagamentos, outra sofre com secas severas. Infelizmente, com o avanço contínuo do aquecimento global, os próximos anos prometem ser igualmente desafiadores para a agricultura”, comentou.
Seguro Garantia
Em relação ao Seguro Garantia, o presidente da comissão crédito e garantia da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Roque Melo, associa o bom desempenho ao aumento do número de contratações públicas na região, e destaca que desde a entrada em vigor da nova lei de licitações, e com o natural movimento dos Estados na busca pelo seguro garantia com cláusula de retomada, a expectativa é de um aumento ainda maior.
“O seguro garantia, que é o carro-chefe dos seguros quando falamos de grandes obras, tende a ser a melhor opção na esteira das obras que vão se tornando realidade com o avanço do Novo PAC e dos editais de Parcerias Público-Privadas. Isso porque, pela nova lei de licitações, o seguro garantia pode cobrir 30% do valor de um contrato, com a cláusula de retomada da obra”, analisa.
Ainda na avaliação de Melo, se o seguro garantia já bateu recorde nacional em 2023, com arrecadação em R$ 4,3 bilhões, em 2024 a expectativa é superar essa marca e, acredita ele, com uma especial contribuição dos estados das regiões Norte e Nordeste.
Crescimento por ramos específicos
O presidente do Sindsegnne também mencionou a expansão no ramo de Responsabilidade Civil, particularmente no Norte e Nordeste. “Temos observado um crescimento contínuo desse ramo em nossa região, impulsionado principalmente pela contratação do RC profissional. Esse movimento reflete um maior entendimento de profissionais liberais sobre a necessidade de proteger suas atividades, em diferentes áreas”, explicou.
O Seguro de Condomínio também teve um desempenho expressivo. Dalcin atribui o crescimento ao aumento da conscientização sobre a obrigatoriedade desse seguro, conforme o Código Civil. O Seguro Residencial e o Seguro de Vida também apresentaram crescimento significativo, impulsionados pelas mudanças de comportamento trazidas pela pandemia de COVID-19.
No ramo de Seguro de Transporte, uma mudança importante no cenário regulatório impactou diretamente o mercado. “Com a aprovação da Lei nº 14.599 em junho de 2023, tornou-se obrigatória não só a contratação da cobertura de RCTR-C (Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga), mas também as coberturas de RC-DC e RC-V (Responsabilidade Civil por Desaparecimento de Carga e Responsabilidade Civil de Veículo). Isso certamente elevou os custos das transportadoras com seguros para suas cargas”, explicou Dalcin.
Perspectivas
Com os resultados positivos dos sete primeiros meses do ano, as expectativas para o setor de seguros em 2024 são otimistas. “O crescimento consistente, impulsionado pela demanda crescente e pela conscientização sobre a importância dos seguros, sugere que o setor pode fechar o ano com resultados ainda mais robustos. Além disso, o desempenho regional do Sindsegnne mostra que o Nordeste e Norte do país estão acompanhando o ritmo de crescimento do mercado nacional, com potencial para expandir ainda mais”, concluiu Dalcin.
Fonte: Sindsegnne