As mudanças climáticas estão afetando a produção agropecuária brasileira, provocando quebras expressivas e elevando o número de indenizações do seguro rural, bem como reduzindo a oferta disponível, deixando os produtores rurais com menor número de cobertura.

Para tentar mudar este cenário e garantir cobertura financeira compatível na safra em épocas de clima adverso, produtores rurais e especialistas discutem ações para aperfeiçoar um novo modelo de seguro rural considerado ideal para atender as demandas do campo.

As lavouras de Tangará da Serra e Diamantino estão entre as tantas de Mato Grosso que nos últimos anos sofreram com as adversidades climáticas.

O presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Romeu José Ciochetta, comenta ao Patrulheiro Agro desta semana que hoje o produtor rural “já pensa com mais carinho” na questão do seguro rural.

“Até pouco tempo atrás tínhamos aquela tranquilidade em falar que estamos em um estado em que as condições climáticas favorecem para primeira e segunda safra. Mas, começou a dar sinais de que o clima não é tão regular assim. É uma necessidade. Mas, precisa ser adaptado em cima da realidade do agricultor de Mato Grosso”.

Conforme o presidente do Sindicato Rural de Diamantino, Altemar Kroling, nos dois últimos anos no estado o produto teve problemas com o clima. Um ano com excesso de chuvas e o outro com seca.

“Então caberia um seguro agrícola. Mas, um seguro que funciona. Vemos muitos tipos de seguro que é bom para você pagar e na hora que vai ocupar você vê um monte de restrição”.

Seguro rural precisa cobrir todo o prejuízo

O produtor Rui Prado pontua que o valor do prêmio que se paga hoje para ter um seguro “praticamente inviabiliza” a sua contratação. Para ele, o seguro rural como está sendo praticado “realmente não tem atendido a ninguém”.

A questão também é destacada pelo diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso), Wellington Andrade. Ele frisa ao Patrulheiro Agro que “se o produtor tem um prejuízo, não basta cobrir só uma parte daquele prejuízo. Tem que cobrir o prejuízo total para que realmente ele [produtor] não perca rentabilidade”.

De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras, em 2022 os desastres naturais provocaram perdas estimadas de R$ 85 bilhões no setor agrícola brasileiro. Desse montante, apenas R$ 8,9 bilhões foram indenizados pelas empresas de seguro.

“Esse buraco, esse gap de proteção se aproxima de 90%. O agronegócio representa quase 10% do PIB brasileiro só a produção primária. Se olharmos para Mato Grosso, 65% do PIB do estado advém da agricultura, do setor rural. Então, essa realidade precisa mudar”, diz o diretor da Confederação Nacional das Seguradoras, Esteves Pedro Colnago Júnior.

De acordo com Esteves Júnior, diante das mudanças climáticas observadas nos últimos tempos, que estão atingindo regiões que antes não eram, é preciso repensar o sistema de proteção do produtor rural.

 

Fonte: Canal Rural Online