Uma série de cancelamentos de voos em Buenos Aires devido a uma greve no setor aéreo argentino deixou milhares de passageiros em situação de incerteza e desconforto nesta quarta-feira (28). A paralisação, convocada por três centrais sindicais e associações de classe, rejeitou o aumento salarial proposto para os funcionários da Aerolíneas Argentinas e da Intercargo, resultando em interrupções nos serviços aéreos.
De acordo com a imprensa argentina, a greve já impactou aproximadamente 45 mil passageiros no Aeroporto Internacional Jorge Newbery e outros 30 mil no Aeroporto Internacional de Ezeiza.
As aéreas brasileiras Latam e Gol chegaram a cancelar os voos para à Argentina que seriam realizados nesta quarta-feira (28) por causa da greve. As companhias inaram que os passageiros prejudicados poderão remarcar os voos para outras datas, sem custos adicionais.
Nesse cenário, o mercado segurador já começa a registrar clientes do seguro-viagem impactados. A Hero Seguros, insurtech especializada no mercado digital de seguros de viagem, teve aumento significativo nos acionamentos para a cobertura de cancelamento de voo relacionadas à greve na Argentina. “Só ontem (28), a empresa recebeu cerca de 40% da média mensal de acionamentos por cancelamento de viagens em único dia”, diz Luciana Volante, diretora de Marketing e Vendas da empresa.
Segundo Luciana, as orientações são passadas aos clientes “caso a caso”, dependendo das necessidades específicas. “Quando casos assim acontecem, é importante manter a calma e solucionar as questões práticas como remarcação dos voos e de estadia. Nossa missão é garantir que eles estejam amparados e seguros”, afirma a diretora da Hero.
Como funciona o seguro-viagem nesses casos?
De acordo com Paulo Grillo, diretor e especialista em seguros pessoais da corretora Alper, a maioria das seguradoras que operam no segmento tem a cobertura para greve em atraso de voo entre os seus produtos.
“Tem cobertura para greve em atraso de voo, podendo variar cone a seguradora, passando de um período de horas estipulado em contrato. De acordo com a empresa que o consumidor contratou, vai ter alimentação, hospedagem e remarcação do voo, que vai ter que fazer obviamente com a companhia aérea, não tem nada a ver com a empresa de seguro, mas ele tem toda uma cobertura como se fosse um atraso normal”, diz Grillo.
Os principais riscos geradores de atraso cobertos costumam ser as questões trabalhistas dos funcionários da companhia aérea ou aeroportuários, mas incluem também condições climáticas severas ou ainda quebras súbitas na aeronave que faria o voo.
O corretor explica que, ao adquirir o seguro-viagem, é importante que o consumidor verifique se essa cobertura está no plano contratado. “Não dá para dizer que o mercado inteiro cobre, tem uma condição particular de cada um dos fornecedores, eles não são obrigados a cobrir, mas é algo que acontece no seguro de transporte aéreo, então as operadoras de seguro já têm esse tipo de atendimento padrão”, afirma o diretor da Alper.
De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em média, 2% dos voos são cancelados e 14% enfrentam atrasos diariamente no Brasil. Além disso, segundo a Embratur, só no ano passado, cerca de 2 milhões de brasileiros viajaram para a Argentina.
“Desde o final de janeiro, quando a situação começou, não observamos até o momento impacto significativo em relação aos cancelamentos de apólices vendidas para o destino”, diz, por outro lado, o gerente sênior de e-commerce da Allianz Partners Brasil e LatAm, Rafael Costa, que não trabalha com a cobertura de cancelamento de viagem, mas diz observar que “muitas companhias estão permitindo reembolsos ou remarcações de passagens”.
“É importante ressaltar que o viajante deve sempre avaliar e estar atento às possíveis mudanças e riscos envolvidos no destino programado, pois imprevistos sempre podem ocorrer”, afirma Costa. O executivo cita outras situações comuns que costumam estar cobertas pelo seguro-viagem, como a necessidade de atendimento médico e o extravio de bagagem.
De acordo com um levantamento da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), que representa as seguradoras que operam no ramo, em 2023 foram pagos R$ 15,1 bilhões em benefícios à população segurada (sinistros), resultado 5,7% superior ao aferido em 2022. O maior crescimento ocorreu justamente nos ramos de viagem, com alta de 58,6%.
Fonte: InfoMoney – Online