As seguradoras vêm investindo cerca de R$ 660 milhões anualmente na implementação do Open Insurance, mas sem clareza sobre como o consumidor será atraído a esse ambiente digital e sem redução real de custos, apontou o presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), Dyogo Oliveira, em evento realizado em São Paulo nesta quinta-feira (26), para divulgar pesquisa sobre a percepção do brasileiro em relação ao planejamento financeiro. De acordo com Oliveira, o que está sendo visto “até agora sobre o open banking não é maravilhoso, não tem gerado grandes impactos”, ponderando que, de fato, ainda está no começo a implementação do ecossistema de compartilhamento de dados de clientes entre as instituições financeiras. Um dos problemas, aponta, é que os produtos de seguros não são homogêneos como os da área bancária. “R$ 100 de empréstimo é o mesmo em qualquer banco. Aqui não, tem seguro auto, residencial, etc. Não é homogêneo”, continua Oliveira, sinalizando ainda que, apesar das características heterogêneas dos seguros devido aos diferentes ramos, há também uma forte característica reputacional das seguradoras. Ele alega que o maior desafio do Open Insurance, na sua avaliação, é em relação ao potencial cliente e a falsa ideia de redução de custos que poderiam baratear o produto. “Todos aqui sabemos que ninguém acorda de manhã cheio de vontade de comprar seguro. Como atrair o cidadão para dentro de ambiente digital e quanto vai custar isso? Modelo inicial até tinha desculpa para dizer que haveria redução de custo, porque eliminava a corretagem. Não é verdade porque o custo de captação de cliente que muitas empresas têm feito no canal digital é até maior que custo da corretagem. Modelo atual alterado, que tem a SPOC [Sociedade Processadora de Ordem do Cliente], não tem nenhuma redução de custo”, critica Oliveira. O representante das seguradoras comentou ainda que o modelo atual só gera encargos adicionais, uma vez que todos os custos tradicionais estão ali, somados aos investimentos que as seguradoras têm que fazer para se adequarem ao ecossistema. Por isso, continua Dyogo, o debate com entes como a Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão regulador do mercado, para entender “qual será a porta de entrada para o consumidor” e “de onde virá o ganho”, uma vez que a legislação que estipula a implementação do ecossistema está vigente.
Fonte: Sou Segura – Associação das Mulheres do Mercado de Seguros