Nenhuma seguradora que atua no Brasil conseguiu nota acima de 13 no Ranking de Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA), que tem uma escala de 0 a 100. A pontuação mais alta foi da espanhola Mapfre, com resultado de 12,4. O resultado mostra que as seguradoras não levam em conta a sustentabilidade das empresas que protegem. O RASA – que é produzido pela Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS) – avaliou as 13 principais empresas que operam em solo nacional. No grupo das cinco melhores posições, apenas a primeira colocada teve resultado superior a 10. A Prudential, criada nos Estados Unidos, tirou 9,35, a brasileira Bradesco alcançou 8,1, a suíça Zurich tirou 7 e a alemã HDI Talanx 6.58. O Itaú ficou na última colocação entre as avaliadas. Em junho do ano passado, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) estabeleceu que, a partir de 2024, as seguradoras considerem fatores ambientais, sociais e climáticos nos investimentos e na oferta dos produtos. As conclusões do RASA indicam que elas não estão se preparando para as exigências. Resultado foi insuficiente em todos os casos / Associação SIS O levantamento também identificou falta de transparência durante a coleta de dados. As informações foram consultadas em fontes públicas, como os próprias sites das empresas, relatórios, formulários e questionários. Em muitos casos não havia qualquer informação sobre sustentabilidade nos portfólios. Para Luciane Moessa, diretora executiva e técnica da Associação SIS, a postura desperdiça potencial de negócios e de transformação, já que as atividades das seguradoras estão conectadas a todo o setor produtivo. “O setor de seguros é especializado em proteger empresas contra riscos. Escolher que tipos de empreendimentos ele quer proteger e usar critérios socioambientais pra isso faz toda diferença. Se não bastasse isso, seguradoras são grandes investidoras, aportando valores extremamente significativos ao mercado de capitais, principal fonte de acesso a recursos financeiros para grandes corporações, que acabam impactando toda a cadeia de produção, inclusive pequenas e médias empresas.” “Não estamos no mesmo barco”, defende pesquisadora sobre impacto das mudanças climáticas Com objetivo de fortalecer a agenda socioambiental e climática, a pesquisa mapeia a atuação das instituições financeiras em vários segmentos. Os resultados são públicos e podem ser acessados pela internet. Essa foi a terceira edição do ranking. Ele já foi aplicado em bancos comerciais e instituições financeiras de desenvolvimento. O resultado das seguradas é o pior de toda a série até agora. Seguindo a metodologia usual do RASA, os dados foram enviados às seguradoras, que poderiam apresentar informações adicionais para tentar melhorar a pontuação. Em um prazo de 21 dias, apenas três delas se manifestaram e nenhuma disponibilizou detalhes concretos sobre as carteiras de produtos ou os impactos ambientais de suas atividades e instalações.
Fonte: O Diário Carioca Online