O “open insurance” começou oficialmente no último dia 15 de dezembro, quando a primeira fase do ambiente de compartilhamento de dados da indústria de seguros passou a valer. A primeira fase abrange o compartilhamento de dados sobre canais de atendimento e produtos de seguros, previdência complementar aberta e capitalização. No entanto, esse processo está sendo cercado de questionamentos. As informações são do site Valor Econômico, em matéria publicada dia 07/01.
O presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), Marcio Coriolano, pontuou ao site algumas críticas ao início do processo. “Há muito tempo que a discussão tem sido muito conceitual”. De acordo com o representante das seguradoras, na pressa para implementar o open insurance, a Susep cometeu um “pecado original” ao “copiar o que estava nas resoluções do open banking”, o ambiente de compartilhamento de dados da indústria bancária.
Coriolano afirma que o mercado dos bancos é muito diferente do segurador. “Os produtos de seguros em muitos casos são muito complexos e pedem uma assessoria, de modo semelhante aos de investimentos”.
A Susep, entretanto, enxerga o cenário de modo diferente. Na avaliação do regulador, “pode-se dizer que o open banking funcionou como um acelerador natural para todos os passos de implementação do open insurance”.
O regulador do mercado de seguros explicou ao Valor que houve a criação de um grupo de trabalho entre o Banco Central e a Susep. “O open banking já está na fase 4 e o open insurance entrando na fase 1. Por isso, toda a experiência de implementação das fases anteriores do open banking foi um grande aprendizado.”
Contudo, para o representante da CNSeg, “quando fizeram o ‘copia e cola’ trouxeram a figura da sociedade iniciadora de serviços de seguros [Siss], que é semelhante às iniciadoras de pagamentos no open banking, mas não ficou claro qual o papel que esse novo intermediário vai ter”.
Coriolano avalia que, no caso das iniciadoras de pagamentos, fica clara a convergência do Pix com o open banking. “O iniciador de pagamento se torna o coração do marketplace.” Porém, as Siss, na opinião do dirigente, tendem a se tornar “mais um intermediário, ou seja, um custo a mais”.
O dirigente da CNSeg diz ainda que a Susep deixou os corretores de seguros de fora. “Não houve preocupação da Susep em engajar o corretor no ecossistema. Isso representa uma restrição forte, porque o corretor não vai ter acesso aos dados disponibilizados pelos clientes no ambiente de compartilhamento.”
A Susep pondera, no entanto, que os corretores podem se conectar ao novo ambiente tornando-se eles próprios uma Siss ou usando os serviços de uma iniciadora quando começarem a operar.
O presidente da CNSeg ainda considera que houve uma espécie de “adiamento branco”, na medida em que a Susep adicionou um prazo extra, até início de março, para as 66 companhias obrigadas a participar da etapa inicial e as duas que pleitearam a entrada mesmo sem a exigência conseguirem implementar os ambientes on-line integrados e disponibilizarem as informações.
A Susep, porém, enxerga a extensão necessária para a validação das APIs – os padrões digitais para facilitar a conexão entre os sistemas necessários ao funcionamento do ambiente de dados compartilhados – e não vê conflito com o restante da agenda. “Esse prazo para a certificação das APIs é necessário para assegurar uma maior eficiência e segurança na implementação, mitigando eventuais erros que poderiam surgir”, afirma ao ser questionada sobre o novo prazo. Segundo o regulador, “essa etapa de certificação de APIs é independente das demais, não há razão para que afete outros prazos”.
Fonte: CQCS