Lei que regulamentará a atuação neste segmento entra em vigor ainda em janeiro

 

A nova lei que regulamenta o funcionamento das cooperativas de seguros, que entrou em vigor neste mês, é um passo importante para tornar o seguro um produto acessível e difundir sua importância na sociedade, aponta o Past Country Chair da Million Dollar Round Table (MDRT), Tiago Melo.

A MDRT é uma associação internacional que reúne profissionais do setor de seguros de vida e serviços financeiros.

Com a regulamentação específica, agora as organizações cooperativistas podem atuar em qualquer ramo de seguros privados, exceto os que são expressamente vedados. Anteriormente, uma cooperativa podia atuar somente com seguro agrícola, de saúde e de acidentes do trabalho.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, estima que a medida pode fazer o setor de seguros no País crescer cerca de 15% ao ano. Assim como as demais operadoras, as cooperativas do setor estarão sujeitas à regulamentação do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e fiscalização da Susep.

Tiago Melo aponta que no ramo do seguro de vida, as cooperativas podem conseguir oferecer produtos de baixo custo para um público de menor renda, que talvez não conseguisse acessar o mercado pelos meios tradicionais. “Bem regulamentado, se as cooperativas obedecerem aos critérios e obrigações que a Susep impõe, é muito bom, permite o acesso das pessoas das mais variadas camadas sociais a esse tipo de produto”, afirma.

Com 16 anos de experiência no setor nacional e internacional, ele aponta que Minas Gerais é um dos principais mercados de seguros do País, especialmente em seguro de vida.

A entrada das cooperativas vai contribuir para disseminar a importância do produto dentro do Estado. “Quando tem uma cooperativa que está oferecendo isso junto com bancos, corretoras, é muito válido. Quando tem mais pessoas difundido essa cultura, a gente está tratando também da informação para as pessoas entenderem a importância desses produtos”, avalia.

Tiago Melo ressalta que a questão com as cooperativas agora, é realizar de forma correta a compra do risco do segurado, ou seja, garantir a rentabilidade do produto. Já o consumidor deve conhecer as regras do produto de seguro que acessar. “Não existe almoço de graça, não se dá apenas pelo preço, mas, além da regulamentação do produto, o que ele está cobrindo, se está dentro da necessidade ou não. E isso vale para todos os segmentos”, analisa.

Cooperativas de seguros administram R$ 10 trilhões no mundo

O presidente do Sistema Ocemg, formado pela junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG), Ronaldo Scucato, destacou que a nova lei proporciona um “aumento saudável da concorrência” no setor de seguros que beneficia os consumidores.

Além disso, ele ressaltou as vantagens que o cooperativismo pode proporcionar no mercado de seguros. “No cooperativismo, cada cooperado é, ao mesmo tempo, cliente e dono do negócio. E como dono, tem a possibilidade de receber o rateio dos resultados da cooperativa no final de cada exercício, as chamadas sobras”, explica Scucato.

Levantamento mais recente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) mostra que, em Minas Gerais, o setor de seguros, sem saúde suplementar, faturou R$ 31,1 bilhões em 2024, no acumulado até outubro – alta de 13,9% em comparação ao mesmo período de 2023.

Segundo dados da Federação Internacional de Cooperativas e Seguros Mútuos (ICMIF, da sigla em inglês), atualmente existem cerca de 5 mil cooperativas de seguros operando em 77 países. O modelo é popular principalmente nos Estados Unidos, Canadá e na França. Em todo o mundo, aponta o ICMIF, as cooperativas de seguros atendem 330 milhões de pessoas e administram ativos de aproximadamente R$ 10 trilhões.

Fonte: Diário do Comércio