Expectativa é de 6,3% de participação do setor no PIB do país em 2024 e 6,4% no ano seguinte

O mercado de segurados deve encerrar 2024 com arrecadação de R$ 747,3 bilhões, crescimento de 11,6% em relação a 2023. Já para 2025, a previsão é que o setor tenha alta de 10,1%. Desta forma, a projeção é que a participação deste segmento no PIB do país avance para 6,3% em 2024 e 6,4% no ano seguinte. “Vamos caminhando para a meta do PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros) de alcançar 10% do PIB em 2030”, comentou o presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), nesta quinta-feira (12), em São Paulo.

Segundo Oliveira, as projeções para o próximo ano são otimistas – não só para o mercado de seguros, mas também para a economia, apesar da expectativa de desaceleração. Na projeção da entidade, o país fechará o ano com inflação acima da meta de 4,7%, mas com aceleração da economia – variação do PIB – em 3,4%. “Economia já se mostrava melhor do que imaginávamos e a CNseg já era mais otimista em relação a outros setores do mercado”, disse.

Resultado por ramo

Entre os ramos que se destacaram na arrecadação, está o de seguro automóvel, que teve um crescimento baixo para os padrões – de apenas 2,2% no ano. De acordo com Oliveira, o segmento foi bastante impactado em termos de preço, “com queda bastante forte ao longo do ano, refletindo na receita das seguradoras”.

Outros fatores que também impactaram o segmento consideram a expectativa baixa de aumento de frota segurada, o crescimento da venda direta (para PJ ou seja, locadoras), o que impacta valor da apólice, e a concorrência com APVs (Associações de Proteção Veicular), que ainda não são regulamentadas. Há um projeto de lei com esse objetivo em tramitação no Congresso que traz um novo dispositivo que permite à Susep (Superintendência de Seguros Privados), quem regula e fiscaliza o setor segurador, atuar diretamente e fechar quem atuar ilegalmente. “É um instrumento que vai fazer com que essa turma procure se regularizar”, observou o executivo.

Segundo Oliveira, atualmente há cerca de 300 ações no Judiciário contra essas entidades. O problema, diz o executivo, é que “entramos com uma ação contra a empresa de nome x, ela fecha e no dia seguinte abre uma nova com o nome xy”.

O seguro rural também tem desempenho abaixo do esperado, com projeção de alta de apenas 0,5% em arrecadação em 2024 na comparação com 2023, avançando para 6% no ano seguinte. Para Oliveira, o ano iniciou com a expectativa de ampliação dos recursos de subvenção do governo, mas está terminando com queda de 2% no acumulado até setembro e redução de área coberta. “É um tema que preocupa. Não é possível um país do tamanho do Brasil com só 6% de área segurada. Está faltando subvenção”, apontou o executivo.

Neste ano, a subvenção liberada pelo governo ao seguro rural foi de R$ 1,05 bilhão. Oliveira diz acreditar, contudo, que os recursos “devem aumentar ao longo dos anos”, já que há a percepção do governo da importância de mais dinheiro para subvencionar o segmento. “Nos últimos três anos, foram mais de R$ 20 bilhões em indenizações pagas no seguro rural, para manter atividade. É um volume significativo de recursos e o seguro rural é o primeiro impactado pela mudança climática”.

O maior destaque positivo para a alta esperada na arrecadação é o segmento de “cobertura de pessoas”, que engloba produtos como os seguros de pessoas (vida, viagem, funeral, etc.) e a previdência privada aberta, com avanço estimado de 15,6% em 2024 e 9,5% em 2025, respectivamente. No caso da previdência complementar, o avanço tem muito a ver com as mudanças legislatórias e questões como a não incidência do imposto sobre heranças (ITCMD) em planos da modalidade. Saúde suplementar deve crescer na casa dos dois dígitos, 10,9% tanto em 2024 quanto em 2025.

De forma geral, o otimismo quanto aos resultados tanto em 2024 quanto em 2025 se dá “por conta de nível de emprego maior e disponibilidade de renda das pessoas”, diz Oliveira. “Mais de 50% da população economicamente ativa está gerando renda, com baixo índice de desemprego, além de um resquício do resultado dos programas de redução de endividamento realizado no ano passado, como o Desenrola”, complementa o presidente da CNseg.

Impacto do clima

Outros ramos que se destacaram positivamente foram o residencial e o condomínio, aponta o executivo, “que pode ter relação com aumento da incidência de questões climáticas”.

A CNseg também atualizou os números de pedidos de indenizações de seguros relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul, que totalizou cerca de R$ 6,1 bilhões até 4 de dezembro. Em quantidade, as seguradoras registraram 57.638 avisos de sinistro desde o início de maio, com destaque para os seguros residencial e habitacional, que somaram 29.831 avisos, e o automóvel, com 18.097.

Projeções para 2025

A perspectiva é de um “cenário bastante positivo em termos de economia”, com inflação fechando dentro da meta em 3,98%, depois de subir até o meio do ano e desacelerar na etapa final de 2025.

Segundo Oliveira, entre as prioridades da CNseg para o próximo ano, estão preparar o setor para a nova legislação (Marco Legal dos Seguros, sancionado pelo presidente no último dia 10), acompanhar a regulamentação da reforma tributária, além da agenda climática. “Parte dessa estratégia envolve a participação na COP30”, inclusive “nas negociações”. Há também a perspectiva de fomentar uma agenda de discussões sobre longevidade.

Fonte: InfoMoney – Online