Setor espera que crescimento de seguros desacelere em 2025, e agenda climática está entre prioridades

 

As indenizações pagas aos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, somam R$ 6 bilhões até quarta-feira passada (4), estima a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras).

 

Foram 57.638 sinistros ressarcidos no período. A maioria dos seguros acionados é residencial (29.831), seguido de automóvel (18.097), somando R$ 594 milhões e R$ 1,2 bilhão, respectivamente.

 

Vista aérea da Avenida Beira Rio, na região do Vale do Taquari, em Lajeado, Rio Grande do Sul, que foi totalmente destruída pela enchente deste ano. Fotografia feita com drone.

Apesar de a cifra estar entre as mais elevadas já pagas pelo setor por um evento climático, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, diz que se trata uma parcela ínfima dos prejuízos. A estimativa da entidade é que os prejuízos no estado como um todo,vão chegar a R$ 100 bilhões, mas o pagamento de sinistros não deve crescer para além dos R$ 6 bilhões.

A cifra fica próxima do inicialmente projetado pelo setor, de R$ 7 bilhões.

Apesar de ser um estado agrícola, o seguros acionados pelo setor somam 1.358 indenizações, totalizando R$ 167 milhões.

A maior parte do impacto foi no segmento de grandes riscos, que engloba o aeroporto Salgado Filho e os estádios de futebol do Grêmio e do Internacional. Esses sinistros somaram R$ 3 bilhões, com 708 ocorrências.

Dado o impacto econômico da tragédia, a contratação de seguros no estado desacelerou, com a queda na demanda.

“As pessoas estão reconstruindo suas casas”, disse Oliveira.

Um produto voltado exclusivamente ao atendimento dos efeitos das mudanças climáticas, defendido pelo setor, segue indefinido. O seguro social de catástrofe, proposto ao Congresso e ao governo permanece em negociação. A nova modalidade foi desenhada para funcionar como uma renda adicional às famílias prejudicadas por eventos extremos, como enchentes e deslizamentos.

Há resistência em relação a forma de cobrança do segurado. A sugestão foi que o chamado prêmio fosse cobrado na conta de luz. Como essa fatura já acumula muitas despesas, não foi bem recebida e novas alternativas estão em análise.

Segundo o presidente da CNseg, a agenda climática tem peso crescente no setor e faz parte das prioridades da entidade em 2025, com a criação de um hub de dados climáticos, que incluirá projeções.

O setor pretende ter participação de destaque na COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que vai ocorrer em Belém, em novembro do ano que vem. A CNseg se organiza para manter uma estrutura de 1,6 mil m², onde vai receber representantes do setor no mundo, batizada de Casa do Seguro.

Além de discutir como mitigar desastres climáticos, a proposta é que o local funcione como ponto de seminários e reuniões para tratar de modalidades de seguros e investimentos de longo prazo para o desenvolvimento de produtos, como frota de veículos de baixa emissão, e a chamada indústria verde.

Segundo Oliveira, o setor no Brasil pode ter participação ativa também na indústria financeira voltada a projetos de mitigação das mudanças climáticas. A CNseg já sugeriu ao Ministério da Fazenda que faça no Brasil uma emissão de green bonds (títulos verdes) similar as realizadas nos exterior. Há interesse das seguradoras locais.

Fonte: Folha.com