O desafio de ampliar a proteção das famílias, dos negócios e da sociedade persistirá para todos os segmentos do mercado segurador em 2024, ano em que é esperada a desaceleração da economia. A afirmação é do presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, que vê como factível a meta de crescer continuamente, que poderá ser facilitada por um conjunto de novas normas para os diversos segmentos.

As medidas microeconômicas voltadas para o setor, desde o incentivo à participação crescente no PAC até a modernização dos marcos de Saúde Suplementar e dos Planos PGBL e VGBL, estão entre as mais relevantes para potenciar o crescimento do mercado.

A seguir, as perspectivas para Seguros Gerais, Previdência e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização apresentadas pelos dirigentes das quatro Federações.

Edson Franco,

presidente da FenaPrevi

“O balanço do setor em 2023 é positivo. Os prêmios dos Seguros de Pessoas fecharam o terceiro trimestre de 2023 com mais de R$ 45,6 bilhões, alta de 7,1%, em comparação a 2022. O resultado demonstra que o valor percebido destes produtos pelos brasileiros está aumentando – foram pagos R$ 11,4 bilhões em indenizações. Mesmo assim, apenas 17% da população tem seguro de vida, e a participação do segmento no PIB é de 0,6%.

A Previdência viveu um dos melhores anos desde 2016 em arrecadação, com contribuições acima de R$ 124,7 bilhões no período. A poupança previdenciária totalizou R$ 1,3 trilhão, cerca de 12,8% do PIB.

O maior desafio para 2024 e a próxima década é aumentar a população protegida. São apenas 11 milhões de brasileiros com previdência aberta, número que pouco tem variado nos últimos anos – o que é preocupante, considerando-se a mudança demográfica e o acelerado processo de envelhecimento da população. Segundo o Censo 2022, 27,8% dos brasileiros têm mais de 50 anos e, em 2053, espera-se que sejam 100 milhões de pessoas.

O cenário econômico ainda é desafiador. A lenta recuperação da economia, associada às restrições ao crédito, mantém a renda média do trabalhador achatada em R$ 3 mil, próximo do observado no final de 2019, descontada a inflação. Além disso, entre os ocupados, 39 milhões são informais.

Em 2024, continuaremos trabalhando para trazer mais famílias para o sistema de proteção securitária e previdenciária. Estão em curso os projetos do Plano de Desenvolvimento do Mercado Segurador (PDMS), que ajudará a perseguir essa meta, pois permitirá a estruturação de novos produtos, mais flexíveis e ainda mais aderentes às necessidades dos clientes ao longo da vida. Dentre eles, destacam-se o Seguro de Vida Universal e o novo marco regulatório dos Planos PGBL e VGBL, com novas opções de pagamentos de rendas.”

Antonio Trindade,

presidente da FenSeg

“O segmento de Danos e Responsabilidades abrange mais de 90 ramos de seguros. Partindo dessa premissa, e considerando a força e resiliência do mercado segurador como um todo – que contribui atualmente com 6% do PIB nacional -, a perspectiva de melhora do cenário econômico tende a reforçar na população o valor de proteger o patrimônio por meio do seguro. São nesses momentos que a cultura securitária mais avança.

A retomada das grandes obras de infraestrutura proposta pelo Novo PAC deve impactar positivamente uma ampla gama de seguros, particularmente os Patrimoniais para atividades em operação; Riscos de Engenharia para cobertura de obras; e o Garantia, que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas e é essencial para licitações e concessões públicas, além de Responsabilidade Civil e Transportes.

Mas não se pode ignorar os gargalos possíveis: de um lado, os extremos climáticos que se impõem como “o novo normal”, com repercussões na cadeia produtiva global e, de outro, o desempenho da economia nacional, uma vez que a contratação de seguros tende a oscilar em função do aumento ou queda da renda.

Por último, vale destacar que o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), elaborado pela CNseg em conjunto com a Fenacor, deve abrir uma janela de oportunidades para as modalidades que ainda não tiveram a adesão massiva que, tudo indica, terão em breve, como Residencial, Empresarial e Riscos Cibernéticos, além de diversas outras do leque de Responsabilidade Civil. Já o PLC 29, que dispõe sobre os seguros privados e teve voto favorável do relator no Senado, em 21 de novembro, promete contribuir para a segurança jurídica, pilar fundamental para o amadurecimento do mercado de seguros no Brasil.” Denis Morais, presidente da FenaCap

“O segmento de Capitalização vive um momento histórico, com novas possibilidades de negócios e inovações que permitem oferecer produtos cada vez mais alinhados a diversos perfis de consumidores. Em 2023, o faturamento do segmento deve chegar a R$ 30 bilhões, apresentando 7% de crescimento, em relação a 2022. Dentre resgates e sorteios, a perspectiva é chegar a R$ 25 bilhões.

Cabe ressaltar o valor recorde de reservas técnicas, que deve chegar a R$ 40 bilhões neste ano, com incremento de R$ 1,5 bilhão oriundos da Filantropia Premiável, modalidade do segmento de Capitalização em que o titular, ao adquirir o título, cede o valor de resgate a uma instituição social.

Neste ano, também nos empenhamos nas discussões para o desenvolvimento do segmento, ampliando o uso e o potencial da Capitalização, com negociação direta sobre projetos de lei aprovados. Agora, a população poderá utilizar ainda mais os títulos como garantia de crédito, oferecendo mais segurança ao devedor e ao credor.

Além disso, aguardamos a aprovação do Projeto de Lei nº 3954 pela Câmara dos Deputados, que vai permitir o uso dos títulos como garantia nas licitações e contratações públicas de obras e serviços.

Para 2024, nosso intuito é manter o bom desempenho do setor, avançar ainda mais no campo regulatório e conquistar novos consumidores, contribuindo para a robustez do mercado segurador e, consequentemente, para o desenvolvimento da sociedade e da economia do País.” Vera Valente,diretora-executiva da FenaSaúde

“O setor de planos de saúde tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, e em 2023, não foi exceção. As operadoras de planos médico-hospitalares registraram um prejuízo operacional de R$ 4,4 bilhões apenas no primeiro semestre do ano. Apesar do momento crítico que atravessamos, é notável destacar que alcançamos cerca de 51 milhões de beneficiários no País, maior marca desde o início da série histórica, que começou a ser mensurada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2000. Temos presenciado a resiliência e a capacidade de adaptação das seguradoras de saúde, que continuam a desempenhar um papel fundamental no cuidado da saúde dos brasileiros.

À medida que nos aproximamos de 2024, vislumbramos um ambiente de mais oportunidades. Para isso, defendemos a atualização do marco legal da Saúde Suplementar, datado de 1998, que é crucial para facilitar e ampliar o acesso aos planos de saúde.

A FenaSaúde está comprometida em construir um futuro mais saudável e seguro para todos os brasileiros. Entendemos que é um momento de união entre todos os elos da cadeia produtiva da Saúde Suplementar. Fornecedores, médicos, hospitais, operadoras de saúde e beneficiários – todos juntos, podemos contribuir para a sustentabilidade desse sistema.”

Fonte: CNSeg Online