De acordo com uma matéria do Valor Econômico, após um período de intenso dinamismo nas operações de fusões e aquisições no setor de seguros durante os anos de retomada pós-pandemia, o mercado se encontra agora em uma nova fase. As seguradoras passaram a adotar um comportamento mais seletivo, buscando transações que tragam ganhos estratégicos e fortaleçam sua presença em nichos específicos. A tendência é que essa seletividade continue a guiar o mercado, com um foco claro em eficiência operacional, inovação e especialização em áreas que prometem crescimento, como saúde, digitalização e assistência. Grandes players como HDI, que recentemente adquiriu operações da Liberty Seguros na América Latina, demonstram que a estratégia está mudando: em vez de crescimento indiscriminado, as aquisições agora visam consolidar a atuação em setores já dominados ou ampliar o portfólio com tecnologias e serviços inovadores.
Seguradoras priorizam qualidade ao invés de quantidade
Ainda conforme a matéria do portal, Segundo Fernando Mattar, sócio da KPMG, o setor tende a priorizar operações que complementem as competências já existentes. A recente compra da MDS pelo valor de R$800 milhões ilustra essa tendência, pois a transação fortaleceu a presença da empresa no ramo de saúde, ao passo que a compradora, a rede D’Or, pode manter seu foco no setor hospitalar. Hoje, as seguradoras não estão apenas em busca de crescimento quantitativo. Há uma mudança na abordagem, visando especialização e fortalecimento em nichos de mercado. O portal ainda pontuou que especialistas também apontam que as seguradoras buscam, cada vez mais, adquirir empresas que trazem inovação e tecnologia para os processos internos. Isso é motivado pela pressão para se adequar às demandas de consumidores cada vez mais digitais e por enfrentar uma concorrência acirrada, que torna imprescindível a agilidade operacional e o uso de dados avançados para a tomada de decisões.
Principais objetivos das seguradoras em fusões e aquisições
As seguradoras têm direcionado suas aquisições a partir de objetivos que envolvem:
Fortalecimento em segmentos-chave: Em vez de apenas expandir, muitas seguradoras buscam reforçar segmentos onde já são bem-sucedidas. A HDI, ao adquirir a Liberty Seguros na América Latina, reforçou sua atuação no mercado de autos e assistência residencial. Assim, a consolidação de setores permite às seguradoras ampliar seus diferenciais competitivos.
Aumento da eficiência operacional: Fusões e aquisições também possibilitam uma reestruturação de operações, favorecendo a redução de custos e a melhoria dos serviços prestados. Essas operações tendem a desbloquear novas formas de eficiência quando bem implementadas, especialmente ao integrar tecnologias e simplificar processos internos.
Transformação digital: As aquisições de empresas com forte presença digital se tornaram um dos focos mais desejados. A Liberty Agrega, plataforma digital de autos, e a Aliro, seguradora digital, que foram adquiridas pela HDI, são exemplos de como a tecnologia se tornou peça-chave. A digitalização não é mais uma opção, mas uma necessidade para atender a consumidores que demandam agilidade e praticidade.
Desafios e expectativas para o futuro
O mercado está mais restrito e as seguradoras precisam lidar com desafios para alcançar os ativos certos e concluir negócios que realmente agreguem valor. Com uma conjuntura econômica global mais cautelosa, existe um posicionamento mais direcionado em relação às aquisições, já que o foco passa a ser na sustentabilidade financeira a longo prazo e na integração bem-sucedida dos ativos adquiridos. Outro ponto relevante é a busca por inovação e especialização em áreas de rápido crescimento, como a saúde e o setor digital. Esse movimento, segundo analistas, deverá intensificar a competição entre seguadoras tradicionais e insurtechs, especialmente aquelas que oferecem produtos mais flexíveis e personalizáveis, favorecendo o consumidor.
Etapas para alcançar o sucesso em fusões considera UX primordial
De acordo com o Property Casualty 360, para que fusões e aquisições sejam bem-sucedidas no setor de seguros, é necessário priorizar a experiência do usuário (UX). As seguradoras que investem em estratégias para criar uma UX integrada conseguem transitar de forma mais suave durante essas operações. O cliente deve estar no centro das atenções, pois suas expectativas são moldadas por fatores como portais online intuitivos e a simplicidade no processo de comunicação, como reportar sinistros ou acompanhar solicitações. Pesquisas indicam que 80% dos clientes esperam que as empresas priorizem a experiência do cliente durante uma transição de M&A, e notificações proativas via SMS podem aumentar a retenção de clientes em até 52%. No entanto, fusões trazem desafios, como sistemas e processos distintos que podem resultar em silos de informação e experiências desconectadas. Isso ocorre porque muitas empresas trazem consigo dívidas técnicas e soluções tecnológicas obsoletas, o que dificulta a integração e compromete a identidade da nova marca. Consolidar dados e unificar sistemas leva tempo e demanda recursos. A falha em unificar essas experiências pode resultar em jornadas confusas e insatisfação, levando à perda de lealdade por parte dos segurados.
Alinhar inovação, personalização e eficiência favorece o elo entre fusões
As fusões no setor de seguros em 2024 seguem um caminho mais estratégico e seletivo, refletindo a maturidade adquirida após anos de intensa movimentação no mercado. Em vez de focar exclusivamente no crescimento em escala, as seguradoras agora buscam aquisições que garantam eficiência operacional, especialização em nichos promissores e avanço tecnológico. A integração bem-sucedida passa pela unificação de sistemas e pela priorização da experiência do cliente, o que se mostra decisivo para manter a confiança dos segurados durante a transição. Com as demandas e exigências atuais do mercado e dos consumidores, as seguradoras precisam investir em tecnologias que agilizem processos, otimizem custos e melhorem a jornada do cliente. As empresas que souberem alinhar inovação, personalização e eficiência terão mais vantagem no cenário de aquisições.
Fonte: Latino Insurance