As recentes queimadas que atingiram o interior de São Paulo, causando um prejuízo estimado em mais de R$ 1 bilhão, devem ter um impacto relativamente baixo sobre o mercado de seguro rural. É o que aponta a Federação Nacional de Seguros Gerais.
De acordo com Fábio Damasceno, membro da comissão de seguro rural da FenSeg, as queimadas poderiam ter causado danos mais severos se tivessem afetado a colheita de inverno, já concluída.
No estado paulista, a maior exposição para quem tem seguro agrícola, considerando dados do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), deverá ser com propriedades de cana-de-açúcar, que detêm 556 apólices contratadas, seguida pelo seguro pecuário (216), e o seguro florestal (90).
Além de produções, o fogo atingiu também bens patrimoniais como garagens, colheitadeiras e plantadeiras. Segundo a FenSeg, embora ainda não seja possível contabilizar números exatos, pode-se dizer que a maioria dos sinistros acionados pelos segurados, desde o fim de semana, ocorreu na região central e noroeste de São Paulo, a partir de Ribeirão Preto.
Apesar de os valores de indenização ainda não serem alarmantes, de acordo com a Federação, a quantidade de sinistros é considerada alta pelas seguradoras para o período de tempo – os primeiros focos de incêndio foram registrados na sexta-feira 23 de agosto. A expectativa é de que os acionamentos aumentem nos próximos dias.
Seguradoras em alerta: aumento de indenizações no 1º semestre exige mudanças
Além das ocorrências em São Paulo, incêndios vêm se espalhando nos últimos meses pela Amazônia, Pantanal e estados como Goiás e Minas Gerais. Cenário que reforça a percepção do mercado segurador de que será preciso redimensionar a exposição ao risco do seguro agrícola, que protege plantações de fenômenos meteorológicos.
“O principal causador de perdas agrícolas, nos últimos dez anos, não é o incêndio. A seca sempre foi o maior risco. Incêndio nessas proporções foi a primeira vez”, destaca Fábio Damasceno, contextualizando que, até então, ocorrências como essas se mostravam mais danosas no seguro de equipamentos agrícolas e no seguro florestal, e menos no seguro agrícola.
De acordo com o executivo, a avaliação e gestão de risco do seguro agrícola tem sido um desafio crescente, considerando que as mudanças climáticas estão provocando eventos extremos com frequência cada vez maior. “Estamos vivendo uma nova realidade climática que exige uma adaptação rápida e eficaz por parte das seguradoras para garantir a viabilidade das carteiras e proteger os produtores rurais. As mudanças estão impactando não apenas o perfil de risco, mas também a aptidão agrícola das regiões”, afirma ao Agro Estadão.
Segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), aos quais o Agro Estadão teve acesso com exclusividade, no primeiro semestre deste ano, em todo país o seguro agrícola arrecadou, R$ 2,2 bilhões, queda de 16,3% ante 2023, e as indenizações somaram R$ 1,8 bilhão, alta de 2,3% sobre o mesmo período do ano passado. No estado de São Paulo, a arrecadação atingiu R$ 338 milhões, recuo de 1,1%, e as indenizações, R$ 712,3 milhões, com alta de 146,3% sobre igual período de 2023.
Ainda de acordo com o representante da FenSeg, a entidade está comprometida em monitorar a situação atual e coordenar esforços para garantir uma resposta eficaz aos sinistros, além de trabalhar na atualização dos modelos de risco e precificação para melhor atender às necessidades do setor agropecuário.
Fonte: Diário do Acre