A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) divulgou, no ano passado, um estudo realizado pelo Instituto DataFolha sobre “A percepção dos brasileiros sobre a necessidade de proteção e planejamento: o papel dos seguros e da previdência”. O documento mostrou que apenas 9% da população do Norte e Nordeste têm Seguro de Vida, enquanto o percentual nacional é de 18%. 

Emerita Lyra, diretora executiva do SindSegNNE, explicou que cidadãos de países ou regiões desenvolvidas são mais conscientes sobre a relevância da contratação de um seguro para se protegerem do que pessoas que vivem em países e localidades que são subdesenvolvidos ou que estão se desenvolvendo. No Brasil, este cenário é escancarado. 

A especialista ainda destacou que o Norte e Nordeste são desafios quando o assunto é cultura da proteção: “Estamos falando de regiões historicamente com baixos índices de escolaridade, com grandes desigualdades sociais, e isso está diretamente ligado à percepção de cada indivíduo sobre a importância do seguro”. 

De acordo com ela, as pessoas mais vulneráveis economicamente estão mais preocupadas em viver o hoje do que o próprio futuro. Por isso, a contratação de um produto de seguro ou previdência não está no alcance de grande parte da população. Ainda de acordo com a mesma pesquisa, o seguro funeral tem maior adesão entre os nortistas e os nordestinos, chegando a 21%, enquanto que a previdência privada só alcança a 7% da população das regiões. 

Janaina Leal, diretora do SindSeg BA/SE/TO, acredita que essa discrepância acontece devido às diferentes necessidades e percepções das pessoas em relação aos produtos. “O seguro funeral atende uma necessidade imediata e a previdência privada envolve um compromisso financeiro de longo prazo e pode ser vista como complexa e até desnecessária, principalmente em contextos de restrição econômica e baixa educação financeira”, explicou Janaína. 

A fim de democratizar o acesso às soluções de Vida e de outros segmentos, Emerita comentou que as seguradoras devem se dedicar mais ao desenvolvimento de microsseguros: “São mais simples e acessíveis às classes C e D do que os produtos tradicionais”, disse. “Para melhorar a adesão da população aos produtos de seguros, é preciso desenvolver produtos que atendam melhor às necessidades da maior parte da população brasileira”, complementou. 

Em concordância com Emerita, Janaína comentou que, além de criar produtos personalizados e adaptados às necessidades de cada cliente, as seguradoras devem se aliar ainda mais aos corretores: “Focando em estratégias que aumentem a educação financeira, abordem a confiança e a percepção sobre a importância dos seguros de vida, juntamente com esforços para aumentar a presença de Corretores de Seguros nas regiões menos atendidas”, disse. 

Além disso, a diretora executiva do SindSegNNE ressaltou que as seguradoras devem investir em uma comunicação regionalizada para que a informação chegue ao público e, principalmente, esclarecer a população que o seguro é um investimento, e não uma despesa que muitos imaginam.

Apesar da baixa penetração nos estados do Norte e Nordeste ser preocupante, para os corretores, o índice mostra que existem oportunidades a serem exploradas. Em relação à isso, Emerita comentou que a capacitação deve ser contínua: “Atualmente as seguradoras contam com diversas soluções de treinamento para corretores, como plataformas on line, apostilas, lives, e o atendimento presencial em que sempre é possível requisitar à seguradora uma instrução exclusiva para a equipe da corretora”. 

Por fim, Emerita relembrou que, para aperfeiçoar a qualificação em estratégias de vendas, os corretores devem entender as principais necessidades do público que atende ou pretende atender. “Entender quais são as suas preocupações, o que é importante pra ele. Só depois de fazer essa pesquisa, trazer os produtos de seguro disponíveis no mercado como uma solução para atendê-lo”, finalizou.