Presidente da Associação de Camelôs do Shopping Popular disse que decisão de não contratar seguro foi sua

O incêndio no Shopping Popular de Cuiabá, no Mato Grosso, destruiu anos de empreendimentos e deixou lojistas com grandes prejuízos. O espaço, que abrigava mais de 600 lojas e não possuía seguro, deverá contar com a ajuda do Governo Federal, empresários e artistas para ser reconstruído. Em entrevista ao CQCS, especialistas da seguradora Akad e da Corretora de Seguros Alper destacam a importância de seguros essenciais para centros comerciais e apontam falhas estruturais que podem dificultar a contratação de apólices. 

Do ponto de vista de Caroline Santos, Coordenadora de RC Geral na Akad Seguros, a manutenção de um shopping center necessita de, pelo menos, dois tipos de seguros, incluindo o produto para patrimônios e o RC, que protegem contra danos materiais e/ou corporais causados a terceiros em decorrência de falhas na manutenção ou operação.

De acordo com Ilan Kajan, vice-presidente de Riscos Corporativos na Alper Seguros, para centros comerciais, considerando riscos de incêndio e a grande quantidade de lojas, o mais adequado é buscar proteção não apenas para o prédio em questão, mas também para as pessoas envolvidas no funcionamento. Na lista estão os seguros: patrimonial, de Responsabilidade Civil, risco de engenharia e D&O (Directors and Officers). 

Conforme divulgado pelo CQCS na última terça-feira, dia 15 de julho, o presidente da Associação de Camelôs do Shopping Popular, Misael Galvão, disse ter procurado várias seguradoras, mas, devido ao valor da estrutura e ao fato de ter mais de 600 lojas, não encontrou nenhuma que aceitasse fazer o seguro. “Eu não considero apenas as paredes, mas também as pessoas”, explicou Galvão. No entanto, segundo informações divulgadas na última quinta-feira (18), o dirigente admitiu que a decisão de não contratar seguro para o centro comercial foi sua, sem passar pela assembleia de lojistas. 

Em relação ao processo de solicitação e de deferimento, Kajan explica que a maior recusa ocorre principalmente na RC, devido a alta circulação de pessoas em ambientes populares, e no seguro patrimonial, o desafio está no equilíbrio com o prêmio/taxa que comporte a sinistralidade. Segundo o executivo, apesar de não tão volumoso, a taxa de sinistros significa que um único incidente pode interferir em resultados financeiros. “Além disso, há eventos específicos, como alagamentos, vendavais e danos causados por água devido a falhas em tanques e tubulações, que variam conforme a localidade”, finaliza.

Caroline, por outro lado, elenca alguns dos fatores que afastam as coberturas: fiação aparente, sistemas de proteção deficientes e ausência de brigadistas e/ou bombeiros de plantão. “Partindo do princípio de que o seguro ampara riscos súbitos e imprevistos, quando não há manutenções adequadas, o seguro perde essa característica e passa a ser um risco certo para o shopping”, pontua. Quando associado ao grande número de pessoas circulando no espaço, esses fatores se tornam “um negócio inaceitável para o mercado de seguros”. A Coordenadora de RC Geral afirma que boas práticas de gerenciamento de risco, quando combinadas com manutenção periódica preventiva, geralmente ajudam a mitigar as exposições ao risco, tornando o local mais seguro e apto para contratação de seguros.

Fonte: CQCS