Uma pesquisa inédita encomendada pela Bradesco Vida e Previdência ao Datafolha deu luz a várias percepções dos brasileiros em relação à previdência privada. O primeiro achado, que ilustra o título deste artigo, aponta que 36% da população nunca ouviu falar nessa modalidade de investimento. É um dado bem preocupante, principalmente em um país onde o número de idosos cresceu 57,4% nos últimos dez anos, de acordo com levantamento do IBGE. O mesmo instituto prevê que a quantidade de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassará a de jovens em 2060.
Entre os que afirmaram não possuir previdência privada, 31% têm a consciência de que contar apenas com a aposentadoria do INSS fará seu padrão de vida declinar. Mesmo assim, ainda não tomaram nenhuma medida de planejamento financeiro para garantir uma longevidade mais confortável. Como contraponto, 44% dos respondentes que disseram contar com o investimento alegaram que o suporte do INSS tende a oferecer condições de vida piores – por isso, optaram por um plano.
Alguns equívocos também vieram à tona no levantamento. Um deles é o de que quatro em cada dez brasileiros pensam que previdência privada é algo restrito aos ricos, acreditando que o valor mínimo para contratar um plano é superior a R$ 420 por mês. Entretanto, a realidade é totalmente diferente, pois há opções no mercado para garantir uma longevidade mais confortável a partir de R$ 50 por mês.
Já 65% dos entrevistados imaginam que previdência privada só pode ser contratada por adultos e para adultos, quando, na verdade, há planos disponíveis para crianças desde o seu nascimento, contanto que possuam um CPF. É claro que, nesse caso, há a necessidade de um responsável legal. E, aqui, vale reforçar a máxima: quanto mais cedo começar a poupar, melhor, pois quanto maior o prazo de contribuição, menor será o esforço exigido para se alcançar a reserva desejada, não somente pela possibilidade de se efetuarem aportes de menor valor, mas também pelo efeito favorável dos juros compostos ao longo do tempo.
Mas, apesar disso, o que a pesquisa evidenciou é que, atualmente, a média de idade de quem possui previdência privada no Brasil é de 34 anos. Um número bem longe do ideal, ainda mais quando lembramos que ocorreram sete reformas no sistema previdenciário nos últimos 30 anos, em virtude da elevação na expectativa de vida, resultando no aumento do tempo necessário de contribuição e idade mínima para a aposentadoria.
De modo geral, quando analisamos todo esse cenário, percebemos que o grande desafio que temos pela frente é o de expandir a cultura de planejamento financeiro de longo prazo. Há um oceano de oportunidades para ser explorado, já que, segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), apenas 9% das pessoas são cobertas por um plano de previdência privada – individual ou coletivo –, o que representa uma fatia bastante modesta da população.
Costumo dizer que, contra dados, não há argumentos. Por isso, convido você, leitor, para que nos ajude a mudar essa realidade: comente sobre esses índices com pelo menos uma pessoa do seu convívio, a fim de que ela possa conhecer os benefícios de se preparar para uma maturidade mais saudável e segura. Não temos tempo a perder, o futuro é logo ali.
Fonte: Rafael Barroso, superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência