No último final de semana, Wilian Pires, médico-cirurgião plástico das estrelas, foi condenado junto com outros quatro envolvidos por estelionato e associação criminosa pela Justiça do Distrito Federal. Em dezembro, ele foi acusado de incendiar intencionalmente uma lancha no Lago Corumbá, em Goiás, para receber R$ 1,2 milhão do seguro. A condenação, resultado da Operação Corpatri iniciada em 2020, sentenciou o médico por dois anos de reclusão e 10 dias-multa. Entenda o caso.

O esquema de fraude

O médico goiano, conhecido por arrematar leilões com outros famosos, realizava simulações de acidentes envolvendo veículos e embarcações para receber indenizações de seguros. Em um dos casos, Wilian comprou uma lancha no valor de R$ 850 mil e contratou um seguro para a embarcação no valor de quase R$ 2 milhões. No dia 11 de dezembro, cerca de 40 dias depois, a lancha misteriosamente pegou fogo no Lago Corumbá, em Goiás, durante uma festa. O médico recebeu R$ 1,2 milhão da seguradora, mas a perícia constatou que o incêndio foi intencional. Parte desse valor teria sido repassada à organização criminosa, segundo a Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) do Distrito Federal.

De acordo com as investigações, o grupo aplicava golpes entre 2018 e 2019. No início de junho, o médico foi condenado, mas desde então, em suas redes sociais, o cirurgião exibe uma rotina de luxo, com muitas viagens ao exterior. Ele se apresenta como especialista em lipoaspiração de alta definição e mamoplastia de aumento. Wilian também posta fotos acompanhado de belas mulheres em passeios de barco e comemorações em restaurantes badalados em Brasília e outros destinos turísticos, como Fernando de Noronha.

Segundo informações transmitidas em entrevista ao portal Metrópole, o diretor da DRF, delegado Fernando Cocito, explicou que o envolvimento de embarcações nesse tipo de golpe afasta as empresas de seguro do mercado náutico, pois elas não conseguem suportar o risco. Isso repercute diretamente na capital federal, que possui a quarta maior frota náutica do país – são 52 mil embarcações no Lago Paranoá.

A operação

A Operação Navio Fantasma, conforme divulgado pelo portal Diário Oficial do Pará, desarticulou a quadrilha que forjava acidentes automobilísticos para receber altos valores de seguradoras. Wilian foi indiciado por estelionato e associação criminosa. A Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri) revelou que o grupo forjou dezenas de acidentes com carros de luxo, como BMW e Porsche, nos dois anos anteriores à operação.

Os acidentes forjados ocorriam em locais específicos de Brasília durante a madrugada, causando danos estruturais graves nos veículos, resultando em perda total. No total, mais de 10 veículos foram destruídos.

Sentença e repercussão

Também informado pelo Metrópole, Wilian Pires foi sentenciado pela Justiça do Distrito Federal a dois anos de reclusão e 10 dias-multa, calculados à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época dos crimes, por associação criminosa e estelionato. No entanto, foi ofertada uma pena restritiva de direitos no lugar da pena de reclusão. Segundo sua assessoria, o médico está em viagem ao Canadá e ainda não foi notificado da decisão judicial.

Casos como o de Wilian Pires são extremamente prejudiciais ao mercado de seguros. Fraudes dessa natureza não apenas afetam financeiramente as seguradoras, resultando em grandes prejuízos, mas também minam a confiança no sistema de seguros como um todo. De acordo com dados da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), as fraudes em seguros somaram quase R$ 825 milhões em 2022, representando 16% do total de sinistros pagos naquele ano. Os pedidos de indenização suspeitos totalizaram 11,4% dos R$ 44,7 bilhões pagos aos clientes, sendo que apenas 16,1% ficaram comprovados como fraude. A prática de simular acidentes para obter indenizações indevidas aumenta os custos operacionais das seguradoras, que, por sua vez, repassam esses custos aos clientes através de prêmios de seguro mais altos.

Fonte: CQCS