Especialista em riscos de engenharia fala que aumentou a conscientização da população sobre os riscos envolvidos e que o corretor deve estudar bem cada projeto para orientar os clientes
Ano eleitoral e o aquecimento da economia estão entre os fatores que vem alavancando obras públicas e a construção. Dessa maneira, estão sendo ampliadas as engenharias civis de benfeitorias e manutenções. Por outro lado, até mesmo o volume das chuvas em algumas regiões do país podem afetar o setor e requer mais manutenções na construção. Outro ponto observado que influencia a construção são os shows de artistas e eventos esportivos, período que demanda obras nas localidades de maior movimentação de pessoas.
Isso quer dizer que a construção civil está aquecida em várias frentes no Brasil. Sobretudo, além de demandar mão de obra qualificada, são necessários cuidados contra riscos pessoais e financeiros. Entretanto, a oscilação da inflação pode atrapalhar um pouco esse crescimento. Ele vinha mais otimista devido ao ciclo de queda nos juros. Isso porque os juros da habitação em queda, por exemplo, ampliam o poder de compra de imóveis pela população. Consequentemente, aumentam a mão de obra do setor e mais vagas de empregos, que chegou a ter cerca de 3 milhões de pessoas em 2023 no Brasil.
No ano passado, a Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) divulgou a expansão dos seguros de Riscos de Engenharia em 12%. Ramo que também é impactado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo a Agência Senado, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, detalhou no fim do mês de abril o planejamento de investimentos e os avanços do novo Programa de Aceleração do Crescimento em audiência da Comissão de Infraestrutura. O novo PAC foi lançado em agosto de 2023. Tem previsão de R$ 1,7 trilhão em investimentos. Nesse sentido, Rui Costa disse que 9.285 obras foram reconhecidas como habilitadas e podem receber recursos de emendas parlamentares.
Segurança para obras
Com toda essa gama de opções que movimentam o setor da construção civil no país, aliada a uma menor volatilidade nos custos dos materiais, deve-se manter a alta na indústria da construção para 2024. Apesar disso, os índices de crescimento ainda variam, mas a conjuntura mostra otimismo.
Com isso, é preciso ampliar também a proteção das obras e acidentes. De acordo com o corretor de seguros, Rafael Botto Pereira da Silva, da Proativa Seguros de Minas Gerais, especialista em Riscos de Engenharia, o seguro deste ramo é um produto que protege desde o projeto de construção até a conclusão da obra. Ele acrescenta que é possível incluir os períodos de garantias ou testes conforme o projeto, contra uma variedade de riscos. Entre eles estão danos materiais, roubo, incêndio e responsabilidade civil. Igualmente, funciona fornecendo indenização em caso de danos durante a fase de construção ou montagem de um projeto.
Rafael Botto descreve que as obras são classificadas conforme o grau de riscos e podem ser divididas em dois grupos. O primeiro grupo engloba construções como casas residenciais ou comerciais, prédios residenciais, comerciais ou industriais, garagens, armazéns, hospitais, escolas, igrejas, teatros, cinemas, presídios, hangares, quadras e ginásios desportivos.
Por outro lado, o segundo grupo abrange obras de maior complexidade. São elas: pontes e viadutos, suportes e bases de concreto para equipamentos, represas, barragens, portos, piscinas, rodovias, usinas hidrelétricas e outros projetos de grande porte. “Suas peculiaridades incluem a cobertura de riscos específicos associados à construção. Desde falhas de projeto, erros de construção até danos acidentais durante o processo de construção”, acrescenta o especialista.
Conscientização sobre os riscos
Sobretudo, além da alta na construção civil, citada acima, Rafael Botto fala que a procura por este produto tem demonstrado crescimento. Isso devido ao aumento da atividade de construção e da conscientização sobre os riscos envolvidos.
Sob o mesmo ponto de vista, entre os setores que impulsionam a procura estão infraestrutura, energia, imobiliário e obras públicas. O motivo são as obras possuem natureza complexa e de alto risco de seus projetos, que certamente conduzirão a uma procura pelo seguro de riscos de engenharia. Ainda assim, Rafael Botto reforça que a construção civil cresceu menos de 2% no ano passado. Todavia deve crescer cerca de 2,9% em 2024. “Mais projetos significam mais riscos a serem cobertos”, diz o especialista.
Oportunidades de negócios para o corretor de seguros
As oportunidades de negócios para o corretor incluem oferecer coberturas personalizadas. E ainda orientação especializada sobre os riscos envolvidos e fornecer soluções abrangentes para proteger os interesses do cliente durante a construção de projetos.
Segundo ele, é sugerido acrescentar responsabilidade civil (RC) na apólice para proteger contra danos causados a terceiros durante a execução do projeto, especialmente em obras de grande porte, onde os riscos são mais elevados. “Contudo há de se levar em consideração a característica, local, a complexidade, o modo de execução onde em decorrência da extensão do clausulado contratar uma apólice de responsabilidade civil obras, cuja a abrangência de cobertura é maior do que a cobertura acessória no risco de engenharia”, explica.
Sobretudo, o seguro de riscos de engenharia tem o objetivo de garantir ao construtor, indenização dos prejuízos causados por acidentes durante execução das obras civis, instalação e montagem de máquinas e equipamentos, e quebra de equipamentos de produção. Ou seja, danos materiais causados à própria obra. Já o RC Obras cobre um dano que a obra causa a um terceiro. “Um desafio para o corretor é educar os clientes sobre os riscos específicos enfrentados durante a construção e a importância de uma cobertura adequada. Além disso, entender as necessidades exclusivas de cada projeto pode ser complexo e requer expertise”, fala Rafael Botto.
Riscos de Engenharia e as tendências
Os tipos de engenharia atendidos incluem engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia elétrica, entre outras, abrangendo uma ampla gama de projetos de construção e instalações industriais. A sazonalidade deste produto pode variar de acordo com a atividade de construção em determinadas regiões, setores, fatores climáticos têm grande impacto principalmente em projetos de infra estruturas.
O especialista fala que as tendências para este produto incluem o desenvolvimento de coberturas mais abrangentes. Além disso, há perspectiva de ampliar a adoção de tecnologias de monitoramento de riscos em tempo real e o crescimento do mercado de seguros paramétricos para cobrir riscos específicos de construção.
“Questões tecnológicas, como o uso de drones para inspeções de segurança, inteligência artificial para análise de riscos e blockchain para garantir transparência nos contratos podem mudar o cenário da cobertura deste produto em breve, oferecendo mais eficiência e precisão na gestão de riscos”, destaca Rafael Botto.
Inclusive, em março deste ano, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) detalhou oportunidades de melhorias em seguros no Brasil. As informações foram publicadas no Relatório Final do Grupo de Trabalho “Seguros, Novo PAC e Neoindustrialização”, que foi constituído em setembro de 2023.
Fonte: Corretora do Futuro