O roubo de cargas tem impulsionado o mercado de seguros contra esse tipo de crime, que registrou crescimento de 4,8% no Brasil em 2023, de acordo com a consultoria Overhaul. Dados da CNseg apontam que a cobertura do transporte de cargas aumentou 8,7% no ano passado. Após mudanças na lei que obrigaram as transportadoras a arcar com a contratação desse seguro específico, a expectativa para este ano também é de crescimento, segundo informações do Valor Econômico veiculadas no dia 30 de abril.
Em vigor em junho do ano passado, a Lei 14.599 estipulou que apenas transportadoras podem contratar os seguros. Os proprietários das cargas não podem realizar a contratação. Além disso, a legislação obriga a contratação de coberturas contra roubo ou furto; para perdas ou danos causados à carga em casos de acidentes envolvendo o veículo; e de danos corporais e materiais causados a terceiros pelo veículo utilizado no transporte.
No primeiro bimestre deste ano, o setor de responsabilidade civil para desvio de cargas arrecadou R$ 198 milhões, um crescimento de 33% em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo informações do jornal, Marcos Siqueira, presidente da Comissão de Transportes da Fenseg, afirmou que o aumento pode estar associado à conscientização por parte das empresas em relação aos riscos envolvidos no transporte de cargas.
O presidente da comissão avaliou que o panorama econômico e político pode contribuir para um cenário de instabilidade e, por sua vez, para o aumento dos roubos de cargas, impulsionando a demanda por seguros. Para 2024, a expectativa da Fenseg é de crescimento de dois dígitos, conforme o Valor.
O diretor executivo de negócios corporativos da Allianz Seguros, Luciano Calheiros, contou que o avanço do segmento está ligado, principalmente, ao varejo e ao consumo em geral. Para 2024, a tendência é que o desempenho seja ainda melhor, acompanhando o desempenho da economia do país. “Diversos setores usarão a estrutura logística para transporte e entrega de mercadorias. A demanda por seguro de cargas acompanhará esse movimento”, disse o executivo ao Valor.
Na Allianz, a carteira de transportes cresceu dois dígitos entre janeiro e fevereiro. A seguradora espera manter esse número ao longo do ano. De acordo com Calheiros, a alta deve ocorrer, especialmente, por conta da nova legislação.
Por outro lado, indenizações reduzem
Conforme pontuado pelo Valor Econômico, apesar da arrecadação ter aumentado, as seguradoras pagaram R$ 477 milhões em apólices para roubo de cargas em 2023. A queda foi de 24% sobre o ano anterior, tendência esta que se mantém, mas em um ritmo mais lento.
As indenizações no primeiro bimestre caíram 18%, chegando a R$ 76,9 milhões. Ao jornal, Siqueira explicou que esse recuo pode “indicar uma melhoria nas medidas de segurança adotadas pelas empresas, bem como uma maior eficiência na recuperação de cargas roubadas. Investimentos em tecnologia, como rastreamento via GPS e monitoramento em tempo real, podem estar contribuindo”.
Criminosos visam mais mercadorias com maior valor agregado e de fácil distribuição, como alimentos, cigarros e eletrônicos. Segundo levantamento da Overhaul divulgado pelo Valor, foram registrados 17,1 mil casos de roubo de carga no país, com a região Sudeste representando 76% das ocorrências. São Paulo e Rio de Janeiro são os estados que concentram 70% dos roubos.
Embora o Rio tenha registrado queda de 24% no número de casos, atingindo o menor patamar dos últimos 11 anos, conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Apesar disso, ao Valor, o presidente da Comissão de Transportes da Fenaseg ressaltou que o combate ao roubo de cargas continua sendo um desafio significativo para o setor de seguros e para a indústria como um todo.
Fonte: CQCS