Seguro Pecuário garante a indenização sempre que o faturamento obtido com o gado segurado for inferior ao garantido em apólice; “É como se fosse uma operação de bolsa, então o preço cai e a seguradora indeniza essa diferença”
Seguro Pecuário garante a indenização sempre que o faturamento obtido com o gado segurado for inferior ao garantido em apólice; “É como se fosse uma operação de bolsa, então o preço cai e a seguradora indeniza essa diferença”
Influenciado pela queda nos preços da arroba do boi, o mercado de seguro Pecuário apresentou alta considerável no pagamento de indenizações do seguro Pecuário em 2023. Um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) constatou que as seguradoras desembolsaram aproximadamente R$ 164,5 milhões, alta de 1.217% se comparado com o mesmo período de 2022. O total já supera em 578% o que foi pago no acumulado dos últimos três anos, de 2020 a 2022.
Em valores absolutos, os meses de julho a novembro do ano passado foram os que apresentaram os maiores pagamentos de indenizações do seguro Pecuário, totalizando R$ 150,1 milhões, representando 91,2% do total pago em 2023, com destaque para setembro, mês com R$ 55 milhões de pagamentos de indenizações, mais de 1/3 dos pagamentos efetuados no ano.
Embora seja voltado à cobertura da vida dos animais destinados ao consumo e produção, como aves, bovinos, suínos, caprinos, ovinos e bubalinos, algumas companhias comercializam, no seguro Pecuário, um produto que conjuga a morte do animal com variação do preço.
Daniel Nascimento, vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), explica que o Pecuário Faturamento garante a indenização sempre que o faturamento obtido com o rebanho segurado for inferior ao garantido em apólice. “É como se fosse uma operação de bolsa, então o preço cai e a seguradora indeniza essa diferença”, contou o executivo.
Em 2023, a queda da arroba deve-se à movimentação do ciclo pecuário, influenciado por vários fatores de forma direta ou indireta, dentre eles, o aumento de oferta de animais para abate, resultante do descarte de fêmeas e exportação, passando por “períodos de baixa”, seja por volume ou preço pago pela carne, e mercado interno, em busca de outras fontes de proteínas. Historicamente, quando olhamos o ciclo pecuário, nota-se que quando há grande aumento de participação de fêmeas no abate, há aumento de oferta de animais para abate e o preço da arroba cai.
Esta cobertura se mostra essencial para o pecuarista, principalmente frente ao desafio do recuo no valor da arroba. Uma análise da Scot Consultoria mostrou que 2023 foi o pior ano da história recente da pecuária brasileira. Somente no mês de novembro, por exemplo, o preço médio da arroba do boi gordo recuou 17,9% em relação ao mesmo mês de 2022. Em São Paulo, no ápice da depressão de preços, a cotação da arroba chegou a R$ 200,00; em contrapartida, no ano, as indenizações para os pecuaristas foram de cerca de R$ 33,7 milhões.
Efeitos do clima no Rural
Para lidar com os efeitos climáticos sobre as safras, a CNseg propõe a criação de um Fundo do Seguro Rural (FSR), que teria a participação da União, com um limite global de R$ 4,5 bilhões, enquanto as seguradoras destinariam um percentual dos valores arrecadados para o fundo. “Ele seria constituído por aportes obrigatórios da União e seguradoras que operam o seguro Rural, sendo facultativo aos resseguradores que contratarem o Fundo”, explica Dyogo Oliveira, presidente da entidade.
Além disso, este seguro poderia contar com aportes de entidades privadas. Os recursos serviriam para garantir riscos relacionados a eventos climáticos e para as atividades do Programa de Garantia das Atividades Agropecuárias (ProAgro), voltado para pequenos e médios produtores que tenham dificuldades em pagar financiamentos por conta do clima, pragas ou doenças. De acordo com o estudo Environmental Research Letters, até o final deste século, mais de um bilhão de vacas do planeta podem sofrer de estresse térmico. Quase oito em cada dez vacas já apresentam temperaturas corporais excessivamente altas, taxas de respiração aceleradas, cabeças abaixadas e respiração ofegante – sintomas associados ao estresse térmico severo.
Outra pesquisa, desta vez comandada pela USP (Universidade de São Paulo), sugere que um dos efeitos da mudança no clima será a redução da qualidade da pastagem, que se tornará menos proteica, mais fibrosa e, portanto, de digestão mais demorada. Como consequência, o gado precisará consumir mais alimento para alcançar o peso de abate e passará a produzir mais metano, um potente gás causador do efeito estufa.
As pastagens são fundamentais para a pecuária nacional, assim como a agricultura. Estima-se que o país tenha mais de 167 milhões de hectares de pastagens que servem para alimentar o gado e estão diretamente relacionadas ao rendimento dos rebanhos.
Fonte:Compre Rural