Prejuízo pode ser reduzido com apólice, mas é preciso observar os contratos
As chuvas de verão já causaram muitos estragos neste início de ano, deixando cidades em situação de emergência em diversos estados, incluindo o Rio de Janeiro. Com isso, muitos brasileiros acumulam prejuízos devido a inundações, quedas de árvore sobre carros e água dentro de moradias, além de móveis e eletrodomésticos danificados.
É também nesta época que muitos consumidores pensam em minimizar os riscos. Quem tem seguro de carro e residencial pode ter ressarcimento de ao menos parte dos danos. Os seguros de veículos têm maior variação de preços. Já os residenciais podem ser contratados a partir de R$ 11,90 mensais. E as seguradoras já registram alta na procura.
Fenômenos naturais extremos provocaram um crescimento de mais de 377% nas ocorrências da Bradesco Seguros em 2023. Em termos de indenizações, houve um aumento de 422%: de R$ 6,7 milhões em 2022 para quase R$ 35 milhões no ano passado.
Na Porto Seguro, os eventos climáticos representaram um aumento de mais de 70% dos acionamentos. Em 2023, os chamados para reparos de danos elétricos e vendavais foram os mais acionados. Para quem já tem seguro, a procura subiu no que diz respeito a endossos — aditivos de cobertura no contrato. No Santander, houve uma alta de 40%. Mas é preciso ter atenção ao contratar para não se frustrar.
A maioria dos seguros de carros — completos ou compreensivos — prevê indenização por alagamento. Para imóveis, é preciso verificar a apólice para ter certeza de que os danos causados por enchentes e deslizamentos estão cobertos.
— Quem contrata ou renova o seguro deve prestar atenção ao que está na apólice. Isso precisa ser feito antes da contratação, para que não reste dúvida sobre o que está incluído e, principalmente, excluído — ressalta o diretor-executivo do Sindicato das Seguradoras do RJ/ES, Ronaldo M. Vilela.
Sem surpresa na hora de acionar
Um dos cuidados que os consumidores devem adotar ao contratar o seguro é observar o que está excluído do contrato de cobertura.
— O principal erro na hora da contratação é não ler o contrato e, principalmente, não ponderar a necessidade — diz Catia Vita, especialista em Direito do Consumidor.
As seguradoras oferecem as coberturas básicas e as adicionais, que podem ser contratadas conforme a necessidade.
— É muito importante que o cliente verifique os itens excluídos com atenção e que coberturas estão sendo contratadas, para que não haja nenhuma surpresa na hora de acionar o seguro — destaca Arnaldo Bechara. diretor de Automóvel, RD Massificados e Precificação da Tokio Marine.
Qual é a preocupação que o consumidor deve ter?
A preocupação deve ser sobre o limite que estou contratando. No caso de seguro residencial, a pessoa pode contratar cobertura de R$ 30 mil, mas ter prejuízo de R$ 50 mil. Outra diferença é se há cobertura para vento e chuva de granizo. Para veículos, o seguro mais básico não inclui prejuízo com eventos da natureza.
O que tem atraído mais os contratantes?
As assistências contam muito para contratação de um seguro, como limpeza e manutenção de ar-condicionado, limpeza de sifão e ralo, ou mesmo problemas em eletrodomésticos e manutenção preventiva de automóvel. O cliente usa no momento em que o seguro não é acionado. Depois da pandemia, aumentou a procura pelo seguro residencial, justamente porque as pessoas estão mais em casa e precisam mais de assistência.
O que geralmente não está incluído?
Os casos de deslizamento e desmoronamento, geralmente, têm uma cobertura específica a ser contratada.
Conheça as condições:
Caixa Econômica Federal
O seguro residencial pode ser contratado a partir de R$ 11,90 mensais. O valor do seguro pode variar devido à inclusão de coberturas adicionais para temporais e inundações. A cobertura pode incluir perdas e danos materiais causados por vendaval, ciclone e granizo. Alguns seguros podem excluir danos causados por falta de manutenção ou negligência do segurado.
No caso de veículos, há cobertura para eventos da natureza desde que o contrato seja de seguro compreensivo, que inclui roubo, furto, colisão, incêndio e danos por fenômenos da natureza. Há modalidades de seguro de custo mais baixo que cobrem só furto e roubo.
Santander
O Santander oferece seguro residencial para clientes do banco, com contratação diretamente pelo aplicativo, a partir de R$ 15 mensais. O seguro pode ser mais básico ou mais amplo e incluir assistência técnica e manutenção. Para algumas coberturas, como danos causados por vendaval e granizo, é preciso incluir a opção no contrato.
O seguro para veículo pode ser contratado por qualquer pessoa, sem a necessidade de ser cliente do banco. Há opções mais básicas — com cobertura para roubo, furto e incêndio — e mais completas que incluem colisão e terceiros, além de danos por fenômenos da natureza.
Tokio Marine
O custo do seguro residencial gira em torno de 0,2% do valor do imóvel. Isso quer dizer que, para um imóvel com custo de reconstrução (e não venal) de R$ 200 mil, por exemplo, o consumidor vai pagar apenas R$ 400 pelo seguro (R$ 33 por mês, cerca de R$ 1 por dia). No caso da Tokio, há coberturas e serviços de assistência que auxiliam os segurados a lidarem com os imprevistos causados pelas chuvas de verão.
Em relação ao seguro auto, além da cobertura contra colisão, incêndio, furto e roubo, o segurado pode contar com cobertura de alagamento e serviço de higienização do veículo, mesmo que não tenha ocorrido dano mecânico ou digital, mas haja danos na parte interna do carro, como o estofado, por meio da contratação da assistência.
Bradesco
O segurado Bradesco de automóvel tem garantia em casos de intempéries, como chuva, vento ou queda de árvore sobre o veículo. Isso está no pacote básico de coberturas. Já nos segmentos residencial, empresarial e equipamentos, a cobertura básica inclui proteção contra incêndio, queda de raio e explosão. Mas é possível proteger a residência de outros riscos, entre eles, desmoronamento, vendaval e alagamento. Não há carência para seguros de automóvel e residencial.
Porto Seguro
A seguradora tem proteção residencial a partir de R$ 19,90 mensais. O cliente poderá ter acesso a serviços assistenciais como encanador, chaveiro e eletricista, entre outros. São três categorias de seguro com coberturas diferentes. Já para o seguro de carros, o cliente deve fazer uma cotação com coberturas para roubo, perda total, danos a terceiros e cobertura para ocupantes.
Entenda os cuidados
Cobertura
As seguradoras só vão cobrir o que está no contrato. Por isso, é fundamental ler, junto com o corretor, a proposta de seguro com atenção – momento que antecede a contratação.
Apólice específica
Em áreas de alto risco de enchente, desmoronamento e situações particulares, será necessária a elaboração de uma apólice específica, com cláusulas, condições e preços diferentes daqueles praticados nos contratos padrão.
Valor dos bens
O segurado de contrato residencial deve atualizar o valor dos bens segurados sempre que trocar eletrodomésticos e móveis, para que o reforço do valor seja suficiente para reposição dos bens semelhantes aos que tem no momento.
Risco assumido
No segmento de automóveis, a seguradora fica atenta à questão do agravamento voluntário do risco, que acontece quando o cliente optar por correr um risco. Por exemplo, decidir atravessar uma rua alagada ou obstruída quando não há necessidade. Nestes casos, segundo as condições gerais, não há liberação de indenização.
Para veículos
- Cobertura compreensiva básica: É o seguro de casco. Inclui colisão, incêndio, roubo e furto, alagamento, queda de árvore, vendaval, granizo, raio e explosão.
- Alagamento: Se a água atingiu o painel e houver pane elétrica, a indenização é integral. Se afetou tapete e bancos, é feita a higienização e uma avaliação dos danos. A cobertura é parcial. Se não for possível recuperar os bancos, serão trocados.
- Coberturas opcionais: O segurado pode incluir proteção aos vidros (janelas, lanternas, faróis e retrovisores), carro reserva, motorista eventual e lucros cessantes (para quem usa o veículo para o exercício do trabalho, como os taxistas).
Fonte: EXTRA