A 4ª edição do “Conexão Futuro Seguro”, evento remoto para capacitação de corretores de seguros, realizado pela Fenacor, reuniu especialistas e lideranças do setor, no dia 10 de outubro, para mostrar como é possível utilizar a Inteligência Artificial (IA) para gerar novos negócios, aprimorar o atendimento e fidelizar clientes.
O evento foi aberto com o “Connection Talk”, um bate-papo com lideranças sobre o tema “O setor de seguros: realidades e perspectivas”. Participaram os presidentes da Fenacor, Armando Vergilio; da ENS, Lucas de Castro Santos; e da CNseg, Dyogo Oliveira; além do superintendente da Susep, Alessandro Octaviani. Todos destacaram a proximidade com o Dia do Corretor de Seguros (12 de outubro), ressaltando a importância da categoria no mercado.
“O corretor de seguros, responsável no Brasil por 90% da distribuição, funciona como um redutor de assimetrias de informação”, apontou Octaviani. “Como professor de Direito, que tanto já ensinei sobre contratos, sei que quanto mais complexa é a relação que um contrato de seguro visa proteger, maior é o número de páginas. O corretor é aquele que reduz a assimetria de informação, torna fácil o entendimento para quem não entende, fazendo com que a pessoa possa sentir confiança e dar o passo para a compra. O papel do corretor em uma cultura como a nossa é extremamente importante”, garantiu o superintendente da Susep.
Ele também comentou sobre a política nacional de acesso ao seguro que a Susep está desenvolvendo, dada a “imensa potencialidade do mercado de seguros brasileiros”. “É preciso ter qualidade do que se vende nesse mercado, e qualidade diz respeito às garantias securitárias e às formas como se realiza na prática a execução do contrato de seguro. Para isso precisamos não apenas da fiscalização da Susep, mas de boas normativas que organizem o sistema como um todo”, disse.
Em sua visão, é fundamental conectar essa política de acesso ao seguro ao ambiente da inteligência artificial e tecnologias digitais. “Acabamos de lançar o Painel dos Corretores, uma forma de organizar as informações sobre a categoria: quais ramos atuam os profissionais, onde estão localizados, entre outras informações. Fotografias como essa, a capacidade de coletar e organizar dados, só vão aumentar daqui em diante. Em seguros, não precisamos ter medo de mexer com big data, pois somos o setor que inventou isso, as ciências atuariais têm essa base, estamos ‘em casa’ quando falamos desses dados, que vão ajudar a cuidar melhor dos riscos dos nossos consumidores”.
Para Octaviani, o setor ainda verá diversas novas tecnologias de interação com segurados e seguradoras, com as quais os corretores deverão estar atentos, pois vão informatizar cada vez mais a exposição dos seus produtos, mas o corretor continuará imprescindível. “Para o consumidor continuará sendo muito difícil entender o contrato de seguros, não é simples de ser resolvido por mera tecnologia porque é um passo cultural, o corretor ficará ainda relevante por muitos anos na cultura brasileira, pois ele é capaz de transformação informação complexa em simples para o consumidor”.
Dyogo de Oliveira comentou sobre o momento entusiasmante do mercado de seguros, com muitas mudanças e inovações. “O mercado tem investido muito em digitalização, eficiência das operações, facilitando a vida de segurados e corretores”.
“Temos tudo uma evolução importante na regulação do setor, a Susep tem dado passos importantes no diálogo, de abertura à participação do mercado e, principalmente, tem sido muito objetiva e mostrado resultados claros”, disse. Para ele, é um momento de perspectivas boas para o setor. “Vemos a continuidade desse movimento nos próximos anos, principalmente porque temos visto a retomada do crescimento da economia brasileira, dos investimentos em infraestrutura, a neoindustrialização da economia brasileira, e tudo isso traz boas perspectivas para o setor de seguros”.
Nos desafios, a maior dificuldade ainda é a falta de conhecimento da sociedade do produto seguro “Por isso temos feito uma campanha muito forte pela comunicação do seguro, para que levemos à população com termos simples e uma linguagem acessível para fazer o seguro chegar mais longe, que é o que tanto desejamos e trabalhamos para que aconteça”, destacou o presidente da CNseg.
Lucas Vergílio também declarou satisfação com a gestão da Susep. “Muito alegra a todos nós, corretores de seguros, ver a Susep tão alinhada com o que o consumidor espera. Quem protege o consumidor sabe da importância do corretor de seguros, e para nós, que já passamos por momentos muito conturbados em relação ao que o órgão regulador pensava sobre os corretores de seguros, este é o maior presente que o superintendente nos dá no Dia do Corretor de Seguros: saber da relevância da categoria para o setor no nosso país”.
“O corretor de seguros, se tiver as ferramentas, está preparado para trabalhar com inteligência artificial nos meios digitais, porque ele tem o relacionamento com o seu segurado. O corretor pode investir em IA para prospectar novos clientes, novos negócios, obter novas formas de se comunicar, novas formas de esclarecimento. Podemos ter a distribuição aliada à IA. Para isso, a ENS, que vem qualificando os profissionais do setor e busca se antecipar a tendências, criou um curso de open insurance com a presença do corretor de seguros”, exemplificou o presidente da ENS.
Armando Vergílio também frisou que o corretor de seguros está pronto para a IA. “O mercado de seguros tem como base quem vende e quem compra, e no Brasil 90% é o corretor é quem vende, e é quem compra também, ao contratar as coberturas em nome de seu cliente segurado, evitando que ele compre coberturas desnecessárias ou que deixe alguma essencial. Esse assessoramento vai desde uma consultoria que antecede a contratação e vai durante toda a vigência, e pode ser otimizado com o uso das ferramentas adequadas de tecnologia”.
Depois do painel de abertura, foram exibidas palestras com especialistas no assunto. Ícaro Leite, superintendente de Seguros da B3, apontou que “a possibilidade de o corretor se conectar ao mercado de open insurance irá abrir uma janela nos próximos anos de extensão desse ponto de conexão para outros mercados”. “O corretor que estiver preparado e entender que faz sentido se utilizar das ferramentas tecnológicas para avançar em possibilidades de negócios, novos produtos e proteções de riscos para seus clientes, vai poder abarcar no mundo do open insurance e acessar novos mercados, como mercado bancário, mercado de investimentos, mercado de energia, varejo, serviços, entre outras oportunidades”, defendeu.
“Minha participação neste evento é para fazer uma provocação ao corretor de seguros: assim como o corretor de valores anos atrás identificou oportunidade de se organizar, montar estruturas que pudessem o auxiliar na evolução do mercado, não seria agora o momento de o corretor de seguros se organizar e avançar? É o momento de criar estruturas para os desafios que temos pela frente e gerar mais possibilidades de negócios e proteção para a sociedade brasileira”, afirmou.
Eduardo Mendes Machado, matemático especialista em Inteligência Artificial, defendeu que essa tecnologia pode ajudar os corretores de seguros em 10 áreas: 1) análise de dados e precificação, 2) assistência de dados e precificação, 3) atendimento ao cliente, 4) personalização de políticas com base em informações detalhadas sobre os clientes, 5) detecção de fraudes, 6) automação de documentos, 7) previsão de tendências, 8) treinamento e educação, 9) aprimoramento da experiência do cliente, e 10) gestão de sinistros.
“A IA pode ajudar você nas suas atividades, entretanto é preciso alguns processos. Os chats baseados em IA podem estar disponíveis todos os dias e horários para responder e dar suporte aos clientes. As IA podem acelerar o processamento de sinistros, analisando documentos, imagens e informações relevantes para determinar a elegibilidade de pagamento”, destacou.
Danilo Silva, corretor de seguros, desenvolvedor de tecnologia e professor da ENS do curso de Aceleração para Corretores de Seguros, declarou que a IA pode ajudar o corretor em desafios como gestão de tempo, otimização de processos, análise de dados e prospecção.
“Ferramentas como ChatGPT podem ajudar em algumas atividades, se comportando como: gestor de mídias sociais, assistente administrativo, gestor de mídias sociais, atendimento ao cliente, redator e consultor de SEO”, pontuou. “Inclusive, o corretor pode fazer seu planejamento de negócios e marketing através do ChatGPT, script de vendas e geração de conteúdo, bem como identificar as melhores palavras-chaves para que seu conteúdo possa ser encontrado mais facilmente no Google.”
No fim do evento, foram sorteados uma Scooter elétrica, quatro inscrições para congressos regionais de corretores de seguros e um pacote especial para participar do 23º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, que acontece em outubro de 2024 no Rio de Janeiro.
Fonte: Segs