CQCS Insurtech & Innovation 2023 (EXCLUSIVO) – No segundo dia do CQCS Insurtech & Innovation, que acontece hoje, 26 de julho, em São Paulo, especialistas se reuniram para falar sobre o novo consumidor do seguro de vida, quais os impactos da tecnologia na distribuição do produto e atendimento ao cliente. Executivos do mercado de seguros ressaltaram a importância do setor desenvolver produtos que agreguem valor para o cliente, além de oferecer coberturas personalizáveis.
Ricardo Teixeira, CEO Centauro ON, abriu o painel falando sobre o novo cliente de seguro de vida e a importância da jornada tecnológica. “A Covid-19 abriu oportunidades para o mercado. Portanto, precisamos ter um plano de ação para as próximas pandemias, pois elas acontecerão, e teremos que saber mesclar a tecnologia, ensinando o consumidor como usá-la, para que ele possa ter um atendimento excelente. Além disso, devemos cada vez mais incrementar serviços e assistências que agreguem valor na vida do segurado. Não podemos deixar que o cliente nos veja como alguém que vende seguro, mas sim uma solução para a vida toda”.
O executivo também falou sobre as empresas adotarem o modelo One Stop Shop (Balcão Único) e a importância do planejamento financeiro. “O consumidor quer proteger sua vida, planejar o futuro, investir e proteger seu patrimônio. O corretor que não está olhando para esse mercado está perdendo dinheiro, e um grande desafio desse profissional é oferecer um produto que vá além do seguro. É preciso nos reinventarmos para continuar mostrando a importância do seguro para toda população. A venda de seguros através do autoatendimento, apesar de ser ágil, é falha, pois em algum momento o cliente vai precisar de ajuda e do atendimento humanizado, fazendo que seja fundamental a atuação do corretor. A coexistência do digital com o humano é o equilíbrio perfeito”.
Patricia Freitas, CEO da Prudential do Brasil, abordou na sua apresentação sobre as diferenças no público do seguro de vida. De acordo com uma pesquisa “Percepção dos brasileiros sobre seguros pessoais e plano de previdência”, produzida pela FenaPrevi em parceria com o DataFolha, apontou que 85% da população no Brasil não tem seguro de vida. “Cada classe e geração apresenta necessidades diferentes. Se eu vendo um seguro de vida para uma criança, as coberturas não serão as mesmas de uma apólice para uma pessoa com mais de 25 anos, por exemplo. O novo consumidor pode ser alguém que não quer usar internet, e é nosso dever como seguradores oferecer canais que atendam diferentes perfis de clientes”, disse Patricia.
Para atender o novo consumidor, a executiva destacou a importância das companhias co-criarem produtos junto com os clientes para desenvolver apólices que protejam todas as pessoas, oferecendo uma experiência phygital (físico + digital). “Tem clientes que compram o seguro sozinhos, outros buscam o corretor, alguns procuram assessorias. O consumidor quer um seguro que esteja de acordo com os seus termos, onde ele possa analisar quais coberturas e assistências vão acompanhar suas necessidades ao longo do tempo. Com a ajuda das seguradoras e das entidades representativas, os corretores devem se capacitar para conhecer melhor o seguro de vida e assessorar o cliente”.
Jorge Nasser, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência S.A. e da Bradesco Capitalização, encerrou o painel falando sobre a velocidade das transformações e descobertas que o setor vem enfrentando nos últimos anos. “Nesse contexto de mudanças, é preciso entender de qual consumidor estamos falando. Pela primeira vez na história, nós temos seis gerações convivendo em sociedade. Isso traz muitas oportunidades de obter informação, compartilhar experiências e conhecimento. Nosso desafio, como profissionais de seguros e fornecedores de proteção financeira, é entender como se comunicar com cada geração”.
De acordo com o executivo, o mercado de seguros deve olhar o brasileiro de forma holística, entendendo como lidar com cada parcela da população. “Apenas 17% da população tem uma apólice de seguro de vida. 52% dos brasileiros querem parar de trabalhar aos 60 anos, mas apenas 28% deles acreditam que vão conseguir. A renda média do Brasil é de 1. 711,98 reais, e isso é pouco para um país em desenvolvimento”.
Nasser reforçou que ecossistema do mercado de seguros deve oferecer uma visão completa ao cliente sobre o segmento, oferecendo produtos, processos, sistemas e aprimorando o relacionamento com a sociedade. “Para isso, o corretor é fundamental, pois ele se transformou em um consultor financeiro. Prova disso é que 32% das pessoas que querem contratar um seguro procuram um corretor. A área de Engenharia de Riscos avançou, o regulador está flexibilizando a legislação e uma série de mudanças estão sendo feitas. Entretanto, nós como seguradoras devemos sair da visão de oferecer acumulação para focar no equilíbrio financeiro do segurado”.
Nicole Fraga