As startups, que já vêm incomodando os bancos brasileiros com o fenômeno das fintechs, agora miram outro mercado conhecido por movimentar muito dinheiro e pouca inovação: o de seguros. Recentemente, uma série de insurtechs — acrônimo de fintech com “insurance”, seguro em inglês — chegou ao mercado brasileiro prometendo mais eficiência na escolha e na prestação de serviços desse segmento. O Brasil já tem 40 insurtechs, segundo mapeamento prévio da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net). Em alguns casos, as próprias seguradoras estabelecidas têm guiado os investimentos para não comer poeira.

Na quinta-feira, o fundo BR Startups, da Microsoft e que tem a BB Seguridade, aportou R$ 2 milhões na insurtech Car10. Lançada há pouco mais de dois anos, a solução da start-up permite que o usuário envie foto do dano no veículo e, em menos de uma hora, receba orçamento de oficinas próximas para o conserto. O serviço tem cerca de 2 mil oficinas no portfólio.

A Caixa Seguradora lançou há pouco mais de um ano a YouSe, uma plataforma de venda on-line de seguros de veículo, residencial e de vida. O serviço permite que o usuário customize a apólice, contratando apenas a cobertura que desejar. Recentemente, lançou o app de celular Youse Trips, que funciona como uma telemetria da condução.

“O objetivo é criar o modelo pay as you drive. Hoje, é o perfil que determina o preço. Queremos individualizar o seguro, que ele custe de acordo como você dirige”, disse o diretor Eldes Mattiuzzo.

Regulação dificulta inovação
A Thinkseg, do ex-sócio do BTG Andre Gregori, promete orçar o seguro de veículo em cinco segundos usando e-mail, placa do carro e CEP do motorista. A empresa também tem aplicativo de telemetria.

“Não usamos contato humano na contratação. Usamos inteligência artificial e desenvolvemos um chatbot (programa para conversas em chats). O processo todo de contratação pode durar apenas 57 segundos”, afirma Gregori.

Uma outra insurtech, a Mutual Life elimina a figura da seguradora e a substitui por um grupo fechado de pessoas que se cotizam para criar uma proteção mútua. Ela funciona hoje em regime de testes com uma proteção para smartphone.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) criou uma comissão especial dedicada ao tema em julho. Segundo o superintendente Joaquim Mendanha de Ataídes, as insurtechs são bem-vindas, mas precisam estar alinhadas com as regulações do mercado.

Embora veja como positiva a participação da Susep, Gustavo Zobaran, da Camara-e.net, observa que as start-ups têm dificuldade de ousar na inovação por causa da regulação.

“Por isso, as insurtechs trabalham mais na área de comercialização do que criação de novos produtos. É preciso mexer na parte regulatória para que essa nova cultura possa estar mais aberta.”

Fonte: Época Negócios