O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, em entrevista dada ao Broadcast (serviço em tempo real do grupo O Estado de São Paulo), informou há pouco que o mercado segurador registrou (excluído o ramo saúde) crescimento de 9,2% em 2016, sobre 2015, atingindo receita de R$ 239,3 bilhões no período. Veja a seguir a íntegra da entrevista ocorrida nesta quarta-feira, dia 8, de manhã.
O mercado de seguros, sem considerar o ramo de saúde, teve expansão de 9,2% no ano passado ante 2015, totalizando R$ 239,3 bilhões em prêmios, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) compilados pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O desempenho, embora tenha ficado abaixo dos tradicionais dois dígitos de alta dos últimos anos, veio em linha com a expectativa da entidade, que projetava avanço de 8% a 10% em 2016.
O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, destaca que, caso seja descontada a inflação, o mercado de seguros cresceu mais em termos reais. No ano passado, o avanço foi de 2,8%, contra alta de 0,3% em 2015. “A queda da inflação ajudou no ano passado e deve contribuir ainda mais para o desempenho do mercado de seguros em 2017. O ano passado foi pior que 2015. Tivemos PIB (Produto Interno Bruto) em queda e desemprego em alta”, avalia Coriolano, em entrevista ao Broadcast.
Os números no ano passado foram motivados, conforme ele, pelo segmento de pessoas, com crescimento de 27,4% no seguro de vida individual e acidentes pessoais e de 21,9% da previdência privada, impulsionada mais pelo aumento do volume do que por beneficiários, que é impacto pela crise. Contribuiu, de acordo com o presidente da CNseg, uma postura mais preventiva e preocupada das pessoas em garantir uma renda no futuro para si ou seus familiares. De acordo com ele, a discussão da reforma da previdência ainda não refletiu de maneira positiva no segmento, mas tende a contribuir para os planos privados ao longo de 2017.
Seguro de crédito e garantia, rural e habitacional também tiveram performance positiva, ao crescerem acima dos dois dígitos. Coriolano ressalta que, para 2017, a expectativa de safra recorde também deve beneficiar o setor de seguros. Do lado das grandes obras, ele afirma que há expectativa de que a nova lei de licitações seja aprovada, o que deve impulsionar grandes projetos no País. Pondera, contudo, que o seguro garantia ainda depende de ajustes, uma vez que as seguradoras não têm condições de assumir a uma obra, mas, sim, de selecionar outra empresa responsável.
Na contramão, o ramo de automóveis conteve o desempenho do mercado de seguros. Fechou o ano com queda de 2,4% em relação a 2015, somando R$ 31,7 bilhões em prêmios. Com isso, sua participação no setor caiu de 14,6%, em 2015, para 13,3%, no ano passado. Do lado negativo, ainda estiveram os ramos de riscos de engenharia, com retração de 23%, Seguro de Garantia Estendida (-9,3%) e Capitalização (-2,0%).
Para 2017, a CNseg reiterou a projeção divulgada no final do ano passado e que sinaliza crescimento de 9% a 11% frente ao ano passado. Coriolano acredita que, além dos segmentos que já ditaram o desempenho de 2016, haja impulso também do setor de auto, que já teria chegado no patamar mínimo de vendas.
“Com a provável recuperação de renda e baixa da inflação, devemos ter uma maior produção e venda de automóveis, fora o seguro auto popular, regulamentado no ano passado. Esses dois fatores devem ajudar o mercado de seguros de automóveis a voltar a crescer”, avalia Coriolano.
Contribui ainda, conforme executivos do setor, o aumento das tarifas, que deve continuar ocorrendo ao longo de 2017 em meio à elevada sinistralidade e queda nos juros básicos do País, que impacta o resultado financeiro das seguradoras, obrigando-as a serem mais conservadoras do lado operacional.
No ano passado, o setor de seguros pagou R$ 121,6 bilhões em indenizações, benefícios, resgates e sorteios, um crescimento de 7,6% ante 2015. Já as chamadas reservas técnicas, recursos que as seguradoras acumulam para fazer frente a essas obrigações, alcançaram R$ 785 bilhões, aumento de 19,3%, na mesma base de comparação. O montante, conforme Coriolano, confirma o mercado segurador brasileiro como um dos mais importantes investidores institucionais do País, a frente, inclusive, dos fundos de pensão que encerraram o ano R$ 754,5 bilhões em ativos.
Sem saúde
Os resultados, divulgados hoje pela CNseg e obtidos pelo Broadcast, não consideram o segmento de saúde suplementar. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), até setembro de 2016, a arrecadação dos planos de saúde alcançou R$ 120,7 bilhões, aumento nominal de 12,2% contra igual período de 2015. Somado ao desempenho do mercado de seguros, o setor arrecadou R$ 291,5 bilhões até setembro, com a saúde suplementar respondendo por 41,4% do total da receita do setor.
Fonte: CNseg