A discussão em torno de uma agenda para o mercado segurador reuniu algumas das principais lideranças do setor em painel realizado durante o 17º Congresso de Corretores de Seguros do Estado de São Paulo, o Conec, promovido pelo Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor-SP), entre 7 e 8 de outubro.
Agenda que, segundo o presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, moderador do painel, é inexistente, o que impediu que se avaliasse se o crescimento apresentado pelo mercado segurador na última década foi o maior possível.
A necessidade de uma agenda para o setor foi citada por praticamente todos os participantes, levando o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, a centrar sua fala em uma proposta que possa unir todos os atores do mercado segurador e contribuir para a retomado do crescimento.
Movido, segundo ele, por renda, produto e emprego, o mercado segurador é uma atividade pró-cíclica, ou seja, quando a economia vai bem, ele também vai. Sua resiliência, entretanto, fez com que os efeitos da crise demorassem um pouco mais a serem sentidos, o que só veio a ocorrer, de fato, em 2015. “Em 2014, quando a crise atingiu o Brasil, o desemprego ainda era baixo, as pequenas e médias empresas ainda cresciam e o consumo das famílias ainda era mais elevado, fazendo com que diversos segmentos do setor de seguros continuassem alavancados”, lembrou o presidente da CNseg.
E mesmo em 2015, quando o setor teve um crescimento real negativo, de 0,3%, comparativamente, a produção industrial brasileira caiu 8,7%, o faturamento da indústria de transformação caiu 8%, a produção de bens de consumo duráveis caiu 21,4%, a produção de veículos caiu 20,2% e a venda de eletrodomésticos caiu 15,2%.
Tal comparação evidencia, segundo Coriolano, a solidez do mercado, conquistada, nos últimos anos, devido à melhoria dos sistemas de controle, ao aperfeiçoamento das técnicas de avaliação e gestão de riscos, ao aprimoramento das regras de constituição de provisões e à aproximação das regras de capital e de supervisão a modelos internacionalmente aceiros, baseados em risco.
Mas, apesar de toda essa solidez, o presidente da CNseg ressente-se de o setor ainda não ser reconhecido, na justa medida, pelo governo, como um “motor fundamental para a retomada do crescimento da economia brasileira”, sendo esta uma das razões para listar o que considera os cinco requisitos mínimos para uma nova jornada de crescimento. São eles: comunicação e educação em seguro, esta voltada não só para consumidores e potenciais consumidores, mas também para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; ampliação dos canais de acesso e fortalecimento dos corretores; avaliação de impacto regulatório por parte dos órgãos reguladores; políticas governamentais contra-cíclicas e estabilidade e previsibilidade regulatória.
Acrescentando outro ítem à agenda do setor, o presidente da Escola Nacional de Seguros, Robert Bittar, acredita que não pode haver crescimento sustentável sem a devida qualificação profissional. Além disso, afirmou que o excesso de regras impostas ao setor pela regulação dificulta a criação de novos produtos, implicando, também, em maiores custos.
O presidente do Instituto Brasileiro de Autorregulação do Mercado de Corretagem de Seguros, de Resseguros, de Capitalização e de Previdência Complementar Aberta (Ibracor), Paulo dos Santos, trouxe ao debate outro ponto que deve contribuir para a evolução do setor, que é o da autorregulação dos corretores, já que, segundo ele, a Susep não tem estrutura suficiente para orientar os cerca de 100 mil corretores brasileiros em relação ao cumprimento das normas. Fazendo coro com Paulo dos Santos, o presidente da Fenacor, Armando Vergílio, afirmou que a autorregulação foi uma conquista e o Ibracor surge para defender as boas práticas e a melhoria da qualidade dos profissionais. Concordando a respeito da necessidade de criação de uma agenda para o setor, Vergílio afirmou que contribui para isso a grande sinergia que já existe entre as instituições do mercado.
O último a ter a palavra foi o superintendente da Susep, Joaquim Mendanha de Ataídes, que na primeira apresentação pública após a sua posse no cargo afirmou que o Governo tem intenção de aprofundar o diálogo com o mercado. Na ocasião, o superintendente da Susep aproveitou para declarar que, na última reunião do Conselho Nacional de Seguros Provados – CNSP, o texto da norma do Seguro Auto Popular sofreu sua última alteração e, apesar de eventualmente não ser exatamente o que se esperava, foi o adequado, devendo, em princípio, ficar como está.
Fonte: CNseg