O mercado de seguros busca maneiras de se adaptar ao mundo digital, de ampliar sua base de clientes e de se conectar melhor com os clientes já conquistados. Estes são os principais desafios da indústria, apontam especialistas que participaram do Insurance Service Meeting, evento encerrado neste sábado no Rio. A temática da inovação no setor não é nova, mas continua sendo um dos principais temas debatidos.
Para Paulo Rossi, do grupo BB e Mapfre, há dificuldade de corretores e bancos serem proativos na oferta de seguros. A dificuldade aumentou com o crescimento da classe média, gerado pelo ganho de renda nos últimos anos. O movimento abriu enorme mercado para as companhias de seguros, mas com perfil muito diferente daquele que as empresas estavam acostumadas.
Especialistas ressaltam também a importância da adaptação do setor ao consumidor 2.0, cada vez mais conectado a internet.
“Quando olhamos o consumidor do futuro, teremos que passar por processo de adaptação significativo e agregar tecnologias que ainda não conseguimos fazer de maneira eficiente, como cotar e fazer seguros de maneira direta”, explicou o presidente da Bradesco Seguros, Marco Antônio Rossi. Ele também preside a Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNseg).
Para Rossi, o mercado de seguros ainda não chegou à população de baixa renda por problema de distribuição. O diretor da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), Marcos Barros, culpou também a regulação.
“O mercado de seguros ainda é muito voltado para as classes A e B. A gente não sabe bem o que fazer para classe C. A regulação também é voltada para estas classes, o que não serve para o micro seguro”, afirmou. Segundo ele, é preciso mudar o jeito de se comunicar e ter regulação que atenda ao seguro no varejo.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) afirmaram que estão tentando se adaptar “ao novo mundo” do ponto de vista regulatório. “Estamos diante de desafio enorme de regular em um ambiente recheado de inovações. Temos que discutir esta relação a todo momento”, disse o especialista da ANS, João Matos.
O superintendente da Susep, Roberto Westenberger, admitiu que a entidade regulatória é conservadora. “O fomento de mercado, também papel do regulador, precisa ser azeitado. E vai resultar na discussão do mercado segurador com meios remotos”.
Matos afirmou que a melhora na renda e a ascensão da classe média aumentou o desafio da agência. “O número de ingressos na saúde complementar dobrou nos últimos seis anos. É necessária regulação flexível”, disse.
O consultor Daniel Domeneghetti afirmou que o mercado de seguros precisa conhecer melhor o seu cliente. Para ele, a inovação para o setor pode estar na resposta para perguntas sobre como se relacionar com o cliente, como ofertar produto, integrar o cliente ao corretor e transformá-lo em corretor. Para ampliar os canais de distribuição, segundo os executivos, é preciso pensar em meios de massa, como celular, sites e máquinas de venda direta.
O presidente da Google no Brasil, Fábio Coelho, afirmou que 70% das pessoas que têm seguros têm acesso a internet e que 40% do processo de compra e renovação de seguros é originado na internet. “O modelo mental do comprador de seguros mudou. O Google recebe 11 milhões de buscas mensais sobre seguros, sendo que 15% das buscas ocorrem em smartphones”, disse Coelho.
Fonte: Valor Econômico