O Centro de Tecnologia Allianz (Allianz Center for Tecnology – AZT), em Munique, na Alemanha, estudou as causas e consequências da distração e concluiu que o risco de ocorrer um acidente aumenta a partir do momento em que os olhos se desviam da via à frente, as mãos ficam fora do volante e os pensamentos se dispersam daquilo que está acontecendo no trânsito.”A situação que investigamos em 2011 está piorando. Atualmente, pesquisadores de acidentes estão preocupados com a multiplicidade de aparelhos de comunicação móvel, equipamentos de entretenimento e os chamados dispositivos nômades que são usados no carro”, diz o dr. Jorg Kubitzki, pesquisador de acidentes do AZT e autor do estudo da Allianz intitulado Distraction at the Wheel (Distração ao Volante).
A popularidade cada vez maior de smartphones e aplicativos e a abundância de outros dispositivos eletrônicos portáteis estão levando as pessoas a usá-los ao mesmo tempo em que dirigem. Cerca de 20% dos motoristas admitem escrever mensagens de texto ou e-mails ao volante e 30% leem estas mensagens, mesmo se, de acordo com os próprios motoristas, o fazem apenas “raramente” ou “ocasionalmente”.
Três quartos dos entrevistados para a pesquisa do Centro de Tecnologia admitiram que às vezes ficam divagando enquanto estão dirigindo. Outros ficaram bravos ou extremamente estressados enquanto estavam ao volante. Estas perturbações internas são muitas vezes causas de acidentes do tipo “olhei, mas não vi”. Numa situação como esta, o motorista está olhando para a via à frente, mas sua mente está em outro lugar.
O grau de subestimação dos motoristas com relação aos riscos é surpreendente. Eles acham que fontes de distração vindas de fora do veículo são muito mais sérias do que uma perda de atenção provocada por seu próprio comportamento. No estudo, 72% dos motoristas disseram sentir-se distraídos por eventos ocorrendo fora do carro ou por pessoas. Um número maior ainda disse se distrair com paisagens ou prédios.
No entanto, os numerosos olhares e movimentos das mãos involuntários de um motorista são muito mais perigosos do que outdoors nas ruas. A maior parte das situações críticas se origina de “tarefas secundárias”, que não estão diretamente relacionadas com o ato de dirigir.
James Bond pode dirigir a uma altíssima velocidade ao mesmo tempo em que faz telefonemas, navega com o GPS, atira em seus rivais ou faz manobras radicais e perigosas para evitar uma saraivada de tiros hostis. Mas o motorista comum subestima muito a própria capacidade quando se trata de realizar múltiplas tarefas. Pesquisas mostram que realizar diversas atividades ao mesmo tempo enquanto se dirige sempre leva a mais erros de direção.
Estudos mostraram que dirigir com bebês, crianças pequenas e animais de estimação no carro faz com que haja muito contato ocular com as crianças. Ao mesmo tempo em que há mais olhares pelo retrovisor, um tempo significativamente maior é gasto desviando o olhar da via.
Atividades que distraem são frequentemente realizadas enquanto se espera no sinal vermelho – com a melhor das intenções por parte do motorista em não colocar em risco a segurança no trânsito. No entanto, os cruzamentos nas cidades são lugares onde as condições de trânsito mudam de forma extremamente rápida.
O risco de ocorrer um acidente aumenta quando o motorista está ocupado com tarefas manuais: 43% dos entrevistados que haviam sofrido um acidente nos últimos três anos disseram ter usado o telefone ao dirigir. Entre aqueles que não tiveram um acidente, este número foi de apenas 26%.
Quando os motoristas procuram objetos ou pegam coisas que escorregaram, como, por exemplo, segurar uma sacola de compras que estava caindo, o tempo gasto desviando o olhar da via aumenta em 15 %. O risco de acidentes aumenta 8 vezes, como foi confirmado por estudos conduzido nos EUA. Colocar o cinto de segurança, ajustar o banco ou o retrovisor – quase metade dos entrevistados, pelo menos às vezes, faz isto depois de já ter começado a dirigir.
Fazer ligações telefônicas ao volante sem usar o kit viva-voz é proibido em diversos países. Contudo, isto não resolve o problema da distração, porque mesmo uma conversa em viva-voz provoca envolvimento mental e emocional.
A pesquisa da Allianz mostrou que um número significativo de motoristas ignora a proibição de segurar o celular na mão quando está ao volante: 40 % dos entrevistados admitiu fazer ligações telefônicas ao volante sem usar o viva-voz. Ao mesmo tempo, cerca de 60% consideram o uso de telefone celular como sendo uma das fontes mais perigosas de distração no trânsito.
De acordo com o estudo da Allianz, motoristas que às vezes usam o celular enquanto dirigem tiveram um acidente com frequência muito maior nos últimos três anos do que aqueles que não usam o celular – independentemente de ser em viva-voz ou segurando na mão. O risco de ocorrer um acidente aumenta de 2 a 5 vezes se o motorista utilizar um celular. “Escrever mensagens de texto enquanto se dirige é ainda mais perigoso do que usar o telefone, porque os olhos, mãos e mente já estão altamente envolvidos. 20% dos motoristas admitiram que às vezes escrevem um SMS ou um e-mail enquanto dirigem. Um a cada três motoristas lê mensagens de texto enquanto dirige”, diz o Dr. Jörg Kubitzki, especialista do AZT em segurança nas estradas.
Entre um quarto e um terço de todos os entrevistados confirmou que realiza atividades enquanto dirige, em uma categoria que pode ser resumida como “roupas e cuidados com o corpo”. Os homens ajustam o terno antes de uma reunião, verificam a gravata no retrovisor, fazem a barba ou colocam o relógio.
As mulheres retocam o batom, colocam joias, arrumam os cabelos ou lixam as unhas rapidamente. Ao voltar para casa no final do dia, os homens tiram a gravata depois de um longo dia, as mulheres colocam sapatos confortáveis. Durante uma viagem em um dia bonito, os óculos normais são substituídos por óculos de sol e muitas vezes se aplica filtro solar.
Não é surpreendente que muitos acidentes ocorrem a caminho do trabalho. Se o motorista estiver ocupado aplicando maquiagem, ou fazendo algo semelhante, quase 40 % do tempo e do foco no trânsito é perdido. Infelizmente, muitas destas atividades e distrações não são consideradas perigosas, e muitas vezes acontecem casualmente. É isto que as torna tão perigosas: elas podem aumentar em 3 vezes o risco de acidentes.
Com base na análise de seus próprios dados sobre acidentes de trânsito e danos, o Allianz Center for Technology (Centro Allianz de Tecnologia) observou repetidamente que diversas soluções em termos de tecnologia veicular podem ajudar a compensar a desatenção dos motoristas. Por exemplo, o assistente de freio de emergência ou o assistente de aviso de distância podem ajudar em várias situações típicas de direção ou conflito, ou pelo menos mitigar as consequências do acidente.
“Apesar de não substituírem um motorista atento, os sistemas de assistência do condutor podem ajudar a compensar a desatenção no momento decisivo, evitando, portanto, um acidente ou reduzindo a gravidade do dano ou ferimento”, afirma Christoph Lauterwasser, CEO do Allianz Center for Technology (AZT).
Cinco recomendações:
Primeiro: reduzir o uso de dispositivos eletrônicos.
Segundo: manter as duas mãos ao volante e certificar-se de que os objetos que provavelmente serão usados durante uma viagem já estejam à mão antes de ligar o motor. Terceiro: manter a mente focada em dirigir.
Quarto: reduzir a pressão do tempo ao volante, planejando os deslocamentos de forma realista.
E quinto: usar os sistemas de assistência do motorista, se estiverem disponíveis, pois as pesquisas mostram que tecnologias como o assistente de freio de emergência ou o assistente de aviso de distância ajudam a reduzir acidentes.
Fonte: CNseg